A mobilização dos caminhoneiros nas rodovias federais do Paraná já está começando a afetar o abastecimento de alguns produtos. Os bloqueios de caminhões com cargas perecíveis que afetam diretamente produtores e indústrias de lacticínios, frangos, suínos e de grãos.
O transporte de combustíveis também pode ameaçar o abastecimento de postos em todo o estado. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) informou que até a tarde desta segunda-feira (23), 18 pontos de bloqueio atingiam as estradas paranaenses.
De acordo com Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o protesto dos caminhoneiros é um sintoma dos “desacertos e desarranjos da política econômica que vem sendo praticada nos últimos anos pelo governo federal”.
Supermercados
Os mercados de Curitiba ainda não sentiram o peso dos bloqueios. Segundo a assessoria de imprensa da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), a situação mais complicada acontece em Maringá, cidade em que muitas lojas precisaram mudar as ofertas por não ter o produto em estoque.
Escoamento da produção
O desabastecimento é uma das grandes preocupações de Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná, que fez um apelo para que os caminhoneiros encerrem os bloqueios. “O setor produtivo brasileiro já atravessa um momento extremamente delicado, que vem se agravando a cada aumento de impostos e de tarifas públicas, como os ocorridos recentemente”, desabafou.
Nesta segunda, Campagnolo e representantes de outras entidades representativas do setor produtivo se reuniram com o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná, Gilson Luiz Cortiano.
A preocupação é ainda maior em relação ao bloqueio de cargas de produtos perecíveis. Apesar de os líderes do protesto afirmarem que caminhões com esses itens estão com passagem liberada pelas rodovias, a Fiep tem recebido relatos de que isso não vem sendo respeitado. Sindicatos filiados à entidade que representam as indústrias de carne e de leite, entre outros, já registram problemas com a manifestação.
Produtores de leite estariam com dificuldades para o escoamento da produção. “Como se trata de um produto altamente perecível e de produção diária, os produtores não têm como armazená-lo por muito tempo, em muitos casos já tendo que descartá-lo”, exemplifica Campagnolo.
Foto: Jonathan Campos. |