Greve da PF causa filas na fronteira com o Paraguai

A greve de agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF), iniciada hoje (7), tem provocado filas na fronteira do Brasil com o Paraguai e atrasado a decolagem de aviões em aeroportos do Paraná. A paralisação também interrompeu pelo menos 100 investigações de grande porte no estado. As informações são do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef-PR).

De acordo com o sindicato, a adesão à greve está próxima de 100% no Paraná, mas a categoria tem mantido o percentual mínimo de 30% dos servidores em atividades essenciais, como a guarda de presos e os plantões nas delegacias.

“Investigações importantes sobre crimes como tráfico de drogas e armas, pedofilia, contrabando, corrupção e tráfico de pessoas estão paradas”, disse o presidente Sinpef-PR, Fernando Augusto Vicentine. “Nem as escutas telefônicas estão sendo monitoradas”, completou.

 

Nos aeroportos, portos e regiões de fronteira, os policiais federais fazem o que chamam de operação-padrão. Na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, todos os veículos vindos do Paraguai são revistados, inclusive as motocicletas. “As motos têm sido um dos veículos mais usados para a entrada de drogas e armas no Brasil, e essa fiscalização não é uma rotina diária nossa por falta de efetivo”, disse Bibiana Silva, delegada sindical do Sinpef-PR. “No Aeroporto Internacional de Foz de Iguaçu, estamos revistando as bagagens de todos os passageiros, inclusive as de mãos, o que provocou atrasos, mas não fez ninguém perder o seu voo.”

No Aeroporto Internacional Afonso Pena, na região de Curitiba, houve atrasos em 27 dos 82 voos até as 17 horas de hoje, o equivalente a 32,9% dos voos. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) confirmou que todas as bagagens transportadas nos compartimentos de carga das aeronaves foram inspecionadas por policiais federais no período da manhã, mas não soube precisar quantos dos atrasos foram causados diretamente pela operação-padrão.

A emissão de passaportes, que chegou a ser feita na parte da manhã, também foi interrompida à tarde em todo o estado. No Porto de Paranaguá, a PF também suspendeu a concessão de passes aos tripulantes dos navios, o que impede que eles deixem a área primária do porto e ingressem legalmente no país.

Amanhã (8), os policiais federais em greve promovem um ato simbólico de entrega de suas armas e distintivos, em frente ao prédio da Superintendência Regional da Polícia Federal, em Curitiba. Procurada, a assessoria de imprensa da PF no Paraná informou que não se manifestará sobre o movimento grevista.

A categoria reivindica reestruturação salarial e da carreira dos agentes, escrivães e papiloscopistas. O salário inicial desses três cargos é R$ 7,5 mil, o equivalente a 56,2% da remuneração dos delegados, cujo vencimento de início de carreira é R$ 13,4 mil. A última greve nacional da PF ocorreu em 2004 e durou cerca de dois meses.

Segundo o presidente do Sinpef-PR, a concessão do adicional de fronteira, prevista em projeto de lei encaminhado na semana passada pela presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, não interfere na greve porque não faz parte da pauta de reivindicações. “Ainda não analisamos o projeto, mas esse adicional já estava acordado. A nossa luta com essa greve é pela reestruturação da carreira”, diz Vicentine.

A greve da PF afeta ainda os serviços de fiscalização de empresas de vigilância, a liberação de portes de armas e o atendimento a estrangeiros.

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