O número de adolescentes grávidas caiu 60,8% entre as jovens de 16 a 19 anos nos últimos 17 anos em Curitiba, passando de 4.852 casos em 1995 para 2.953 no ano passado. O índice de gravidez na cidade também diminuiu 62,3% na faixa etária de 10 a 15 anos. Em 1995 foram registradas 560 mães com estas idades, contra 349 em 2012, de acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde. Isto, porém, não significa que a situação deixou de representar problema social e de saúde pública. No Brasil, 20% das grávidas são menores de 18 e em 80% dos casos a gestação não era desejada.
Quando engravidam na adolescência, as jovens ficam sujeitas a uma série de riscos graves e o bebê com maior possibilidade de complicações, parto prematuro, nascimento de baixo peso até morte de mãe e filho. “Quando a gravidez não é desejada a adolescente também não tem a rotina de cuidados com a saúde. O cuidado é menor. A mãe ainda se torna possível vítima de abandono e de violência do parceiro”, afirma a ginecologista Carolina Sales. Outro problema é a gravidez recorrente, quando logo após o primeiro filho a adolescente inicia novas gestações.
Prevenção
A solução está na prevenção à gravidez, que exige participação da família e ação do poder público, tanto em iniciativas de educação sexual e métodos contraceptivos. A realidade, porém, ainda deixa a desejar. A ginecologista aponta que 85% dos adolescentes conhecem as formas de prevenção, mas a informação é de baixa qualidade.
“Às vezes a menina sabe que existe, mas não sabe como procurar. Ou o profissional de saúde acha que a mãe tem que acompanhar para ter acesso, mas não precisa, e ainda julga a menina. Se é julgada na unidade de saúde, não volta nunca mais”, avalia. A médica ainda destaca que é importante trabalhar a autoestima das adolescentes, para que tenham objetivos de vida, não desistam dos estudos e tenham filhos apenas em momentos oportunos.
Orientação mais fácil após o parto
Para o coordenador do Programa Mãe Curitibana, Wagner Barbosa Dias, em muitos casos fica mais fácil prestar atendimento depois da primeira gravidez, quando mãe e filho já estão inseridos no sistema de saúde. “Conseguimos atuar mais depois do primeiro filho, pois a mãe está na rede de atendimento. Mesmo assim a taxa de adesão a programas de orientação pós-parto é baixa. Por isso a importância da família”, revela.
Todas as unidades de saúde da cidade estão aptas a prestar atendimento a adolescentes que desejam adotar método contraceptivo. Futuras mães também podem procurar o acompanhamento e em casos de gestação de risco, são encaminhadas a atendimento especializado.