Os rios Verde e Pequeno, ambos na Região Metropolitana de Curitiba, poderiam ser melhor aproveitados como manancial de abastecimento público caso grandes complexos industriais abrissem mão de utilizar essas águas. Atualmente, essas e outras empresas utilizam água de excelente qualidade para fins menos nobres como resfriamento em complexos industriais.

O volume de água que essas indústrias necessitam poderia ser substituído pelo efluente, que é a água do esgoto tratado, gerado nas estações de tratamento de esgoto (ETEs) da Sanepar. Essa conclusão foi apurada pela engenheira Soraia Giordani, que desenvolveu um estudo sobre a possibilidade de reutilização do efluente, também chamado de águas residuárias.

Segundo Soraia, ao aproveitar o efluente do tratamento de esgoto, as empresas estariam cumprindo com sua responsabilidade social perante o meio ambiente e à comunidade. “Ao optar pelo reúso da água em seus processos industriais, as empresas passam a liberar maior volume de água para ser extraído dos rios e abastecer a população”, disse. Os resultados do estudo foram apresentados ontem, no 22.º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária, que está sendo realizado em Joinville e reúne 3 mil técnicos em saneamento de todo o Brasil.

Escassez

O estudo realizado por Soraia avaliou a possibilidade de a Sanepar ofertar água de reúso nas bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira. A conclusão é que grande parte das empresas, que hoje utiliza água de excelente qualidade nas torres de resfriamento, poderia se valer das águas residuárias, que podem ser fornecidas pelas trinta ETEs já em operação na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Curitiba e alguns outros municípios da RMC apresentam crescimento de população bem acima da média: a cada cinco anos, a região cresce o equivalente a uma cidade como Londrina em número de habitantes. Além da forte pressão urbana, os mananciais para abastecimento estão com alto grau de poluição.

Esses dois fatores obrigam a Sanepar a buscar alternativas para o abastecimento público em pontos cada vez mais distantes. A reutilização da água se apresenta como alternativa ambiental e econômica, pois após avaliar as características especiais de cada indústria, a Sanepar poderá fornecer a água de acordo com a demanda.

 Investimentos, só com concessão

Os municípios que não estão com os contratos de concessão em dia serão impedidos de receber novos financiamentos, informou ontem, durante o evento em Joinville, o secretário nacional de Saneamento, Abelardo de Oliveira Filho. “Os municípios precisam renovar os contratos de concessão para poder se habilitar aos financiamentos para obras de saneamento”, afirmou.

Sem contrato atualizado, o governo federal não vai liberar os recursos federais previstos nos programas de Saneamento Ambiental Rural, Saneamento Ambiental Urbano, de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e de Gestão Sustentável de Drenagem Urbana. Para esses programas e mais o de Convivência com a Seca, o governo federal prevê a liberação de R$ 18,2 bilhões para investir em obras, no período de 2004 a 2007.

“A medida do governo federal é importante porque estabelece procedimentos para a obtenção de recursos”, elogia o diretor comercial da companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Stênio Jacob, que está articulando os contratos de concessão. Ele explica que, no caso do Paraná, há situações que se enquadram nesses parâmetros. “Estamos trabalhando para que as decisões sejam tomadas de forma rápida, em especial nos municípios em que a Sanepar já assinou contratos de financiamento com a Caixa Econômica Federal para ampliação de sistemas de água e de coleta e tratamento de esgoto”, lembra, citando como exemplos Cascavel e Goioerê.

O diretor da Sanepar ressalta que os contratos com a Caixa só podem ser repassados se a concessão estiver regularizada. “Caso contrário o recurso será perdido, pois a Caixa não aceita substituição de projeto”, alerta.

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