Governo vai estadualizar escolas indígenas do Paraná

Na aldeia indígena São Jerônimo, em São Jerônimo da Serra, próximo a Londrina, 130 jovens precisam deixar o local para cursar o ensino de quinta a oitava séries. Já na aldeia Terra Indígena Mangueirinha, na localidade de Mangueirinha, que faz divisa com Pato Branco, a escola é pequena demais para abrigar o total de alunos. Além disso, nas duas localidades, faltam professores com formação superior. Esses e outros problemas refletem a realidade da educação indígena no Paraná. Mudar esse cenário é o objetivo da Secretaria Estadual da Educação, que está promovendo um encontro com representantes das escolas e aldeias indígenas, antropólogos e organizações não-governamentais.

Nesse encontro – que começou ontem e segue hoje em Curitiba – a secretaria está repassando quais as metas para o ensino indígena atender às necessidades de cada localidade. A coordenadora da educação indígena da Secretaria de Educação, Luli Miranda afirma que uma das metas é estadualizar as 27 escolas – que abrigam 2.500 alunos da primeira a oitava séries. Segundo Luli, os estabelecimentos de ensino administrados pelos municípios estão muito precários porque os recursos não estão sendo aplicados adequadamente. “Eles recebem dinheiro do Fundef, mas não fazem a correta aplicação”, falou.

Outra novidade no setor será a formação dos professores que trabalham nas aldeias. Atualmente, dos 87 caingangues, 30 guaranis e 85 não-indígenas que lecionam nas escolas, a maioria tem apenas o segundo grau ou magistério. Através de um convênio com a Universidade Federal do Paraná, os professores terão formação específica e diferenciada para atuar nas aldeias, inclusive com o aprendizado da língua materna.

Apoio

O representante do Conselho Indígena Regional de Guarapuava, Valdir José Kokoj dos Santos, acredita que a estadualização das escolas deverá melhorar as condições de ensino nas aldeias. “Pelo menos o governo vai ter o compromisso com a gente, pois hoje eles repassam as verbas para as prefeituras, mas elas não aplicam nas escolas indígenas”, falou. Ele também cobrou da secretaria repasse do convênio que remunera instrutores índios que ensinam a língua materna. Segundo Valdir, isso já está atrasado há mais de seis meses. Ele lamentou ainda que esse já é o terceiro encontro que acontece para discutir o ensino indígena, e somente agora eles foram convidados para participar.

Para o cacique guarani da aldeia São Jerônimo, Nelson Vargas, a administração das escolas sendo feita pelo Estado poderá resolver uma série de problemas enfrentados atualmente. Entre eles, a falta de merenda, material e transporte escolar. Nelson também acredita que com isso será possível ampliar o ensino de quinta a oitava série na aldeia. “Hoje para continuar estudando o índio precisa sair da aldeia, e isso gera muitos problemas de adaptação e preconceito”, disse.

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