O governo do Paraná realizou ontem o primeiro treinamento para atendimento de emergência em caso de acidente com materiais radioativos. No Paraná, há 60 instituições que usam esse tipo de material e, em conseqüência, grande quantidade circula pelas estradas. A demora no socorro às vítimas pode causar sérios problemas à saúde, causando até a morte. Sem contar os danos ao meio ambiente.
Cada vez mais materiais radioativos têm sido usados por hospitais (radioterapia e medicina nuclear) e indústrias (medidores e radiografia). Segundo a física do Serviço de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Margot Schmidt, o risco de um acidente nas estradas existe e as autoridades precisam estar prontas para agir.
O treinamento começou no início da semana e ontem foi feita uma simulação de acidente. Hoje, a Sesa apresenta um plano de execução para esse tipo de situação. Margot explica que os órgãos já realizam algumas ações, mas agora vão integrar o trabalho. “Vamos definir a tarefas de cada setor”, explica.
Segundo a física, o atendimento às vítimas e o isolamento do local precisam ser feitos rapidamente. Tudo o que entra em contato com o material fica contaminado e o tempo de exposição à radiação é que determina a gravidade dos problemas de saúde que pode provocar. Geralmente a vítima só apresenta os efeitos anos mais tarde. Um deles é o câncer.
O curso foi ministrado por técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Até hoje não ocorreu nenhum acidente radioativo de grande proporção no Estado e não foi comprovada nenhuma morte devido ao contato com a radiação. Segundo um dos coordenadores do CNEN, Raul dos Santos, o Sul do Brasil concentra 13% das empresas que usam o material. Mesmo assim é preciso estar preparado, já que o último acidente que ocorreu foi em Goiânia e o Centro-Oeste possui apenas 4% das empresas.
Margot chama a atenção da população para o símbolo que indica que o material é radioativo. Quando há a indicação, as pessoas não devem se aproximar. Há casos em que a população chega a saquear o material, colocando em risco a vida de toda a comunidade. Técnicos da área da saúde, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Defesa Civil participam do curso.