Há pouco mais de um mês, docentes das Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) paralisaram as atividades, reivindicando reposição das perdas salariais (desde março de 1997), estimadas em 70%, ou pelo menos que o governo apresentasse alguma proposta. A resposta do Estado veio ontem, durante uma reunião com os reitores e diretores: um projeto de lei que regulariza reposição salarial média de 18,68%.
"O governador apresentou uma proposta de reajuste e garantiu que vai ser encaminhada à Assembléia tão logo retorne às atividades. Como proposição ainda não está definida e implantada, mas acho que não vai ter problema. É um comprometimento de que esses valores o governo suporta", afirma o reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Vitor Hugo Zanette. Com a garantia do governador, o reitor da Universidade Estadual de Maringá, Gilberto Pavanelli, acredita que já no final do próximo mês o reajuste será repassado aos professores.
Como explica a reitora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Lygia Pupatto, a proposta trata de um reajuste escalonado, que beneficia doutores e mestres que, segundo ela, representam 80% do quadro das universidades. De acordo com a tabela, para a categoria auxiliar o reajuste será de 10,14%; esse valor sobe para 14,29% ao assistente; 23,42% ao adjunto; 32,64% para o associado (maioria de mestres e doutores); e 21,59% ao titular. "Essa média de 18,68% aproxima nossos salários aos salários das universidades federais. Obviamente que não é uma proposta ideal, mas para nós que ficamos sem um reajuste por anos já é uma proposta. Temos a palavra do governador", afirma a reitora.
De acordo com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), o projeto, que segue para a Casa Civil antes de ser encaminhado à Assembléia Legislativa, beneficia 7.804 docentes, de cinco universidades e 11 faculdades do Estado. "É um aumento diferenciado. Esses valores estão dentro das possibilidades do Estado. Vão significar R$ 40 milhões ao ano e tomam como referência a própria redução de disparidade dos salários. Essa é uma proposta que é interesse de toda a sociedade, por isso estão dispostos a aprová-la o mais rápido possível. Os reitores, diretores e até sindicalistas estão bastante satisfeitos, afinal dá uma equilibrada nos salários", afirma o secretário, Aldair Rizzi.
Os docentes ainda não quiseram comentar a proposta apresentada. "O que a gente estava pedindo era a reposição salarial total, de 70%, mas ter uma proposta já é alguma coisa. A categoria, quando receber oficialmente, vai avaliar a proposição", informa o professor José Rosa Gomes, do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Segundo ele, amanhã, a categoria estará reunida com o reitor da UEPG, Paulo Roberto Godoy, para discutir a questão.
Também na reunião de ontem, o governador Roberto Requião anunciou que vai regularizar, ainda esta semana, os cargos dos mais de 10 mil servidores das IEES e continua a estudar a elaboração do plano de cargos e salários (PCCs).