O governador Roberto Requião e o secretário da Justiça, Aldo Parzianello, abrem na segunda-feira a Semana Estadual de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, na Assembléia Legislativa, em Curitiba. Durante toda a semana haverá uma mobilização de estudantes, professores, pais de alunos, que vão discutir o tema nas universidades e escolas em todos os municípios do Paraná. A semana se encerra na próxima sexta-feira, com a presença do secretário nacional antidrogas, Paulo Uchoa.
“Nesta semana, o governo do Paraná quer deixar claro que decidiu se envolver definitivamente no combate ao uso de drogas entre os jovens”, disse Parzianello. Para isso, o governador determinou que os órgãos governamentais se empenhem em duas frentes: na repressão e na prevenção ao uso de drogas.
A preocupação do governo do Estado é que a violência urbana e a maioria dos homicídios estão diretamente ligados ao uso e exploração das drogas. Conforme levantamento da Delegacia de Homicídios, de 40 a 50 mortes que ocorrem em semanas trágicas no Estado, a maior parte delas está diretamente ligada à dependência química.
Campanha
A principal ilustração da Semana Estadual de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, denominada “Previda”, é a barriga de uma mulher grávida, mostrando que o diálogo contra o uso de drogas deve ser permanente entre pais e filhos, desde o ventre. Ou seja, é “para toda a vida”, salientou o secretário Parzianello, ao comentar que ainda falta muito diálogo sobre o uso de drogas entre as famílias, a começar pelo cigarro e pelo álcool.
O secretário da Justiça recorreu às estatísticas da Secretaria Nacional Antidrogas para mostrar que o uso de drogas fugiu do controle de pais e autoridades. Segundo a pesquisa, em média, uma criança com 9 anos já é abordada por traficantes de drogas nas imediações dos colégios. Hoje, em cada dez crianças no País, três já estão envolvidas com drogas lícitas (cigarros, álcool) ou ilícitas (maconha, cocaína, ecstasy e outras). Os números se tornam mais alarmantes, quando o governo federal constatou que 19% da população brasileira, que correspondem a 25 milhões de pessoas, é dependente química. “O poder público precisa acordar para essa realidade”, acentuou Parzianello.
Na prevenção, a Secretaria da Justiça quer envolver de forma permanente as escolas estaduais, municipais e também da iniciativa privada para conscientizar e alertar os estudantes dos malefícios do uso de drogas. Durante a Semana Antidrogas, ocorrerão palestras nas universidades e na Secretaria da Justiça, demonstrando que pais e professores também devem se envolver na prevenção ao uso de entorpecentes.
Perigo
O delegado titular da Delegacia de Homicídios, Stélio Machado, alerta que o uso freqüente de drogas lícitas ou ilícitas está matando jovens e familiares de várias formas. Segundo ele, a droga começa matando pela disputa do ponto de venda, entre os traficantes. Depois mata, quando o usuário não paga dívidas pela compra de entorpecentes. “Os traficantes matam ou mandam matar”, disse o delegado.
Em seguida, se a droga não mata o jovem pelo uso excessivo, ela destrói por completo as relações familiares, o que vem resultando em tragédias recentes que estão abalando a população. Machado alertou para a repetição de tragédias familiares em vários estados brasileiros, inclusive no Paraná, de filhos que matam pais para obter dinheiro para consumir mais drogas. Ou então de pais que matam filhos porque o sofrimento de vê-los envolvidos cada vez mais com a dependência química chega ao limite.
