Faltam peças para completar o quebra-cabeça do golpe do qual a aposentada Adilse Santos Bruno, de 65 anos, foi uma das vítimas. O dinheiro que deveria receber pela revisão do cálculo da aposentadoria foi sacado antes mesmo de a beneficiária abrir a correspondência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) informando o valor e a data em que a quantia de R$ 45.713,62 seria disponibilizada na agência do Banco do Brasil do Alto Maracanã, em Colombo. Quem sacou teve acesso a informações sigilosas e nem o banco que efetua o pagamento sabe previamente.
A aposentada lembra que ela e o marido Osnei Carlos Bruno estavam em Cerro Azul quando tentaram usar o cartão da Previdência Social e descobriram que estava bloqueado. Como periodicamente o documento precisa ser revalidado com nova senha, ninguém estranhou. Quando retornou para Curitiba, o filho entregou a carta do INSS informando o pagamento. “Temos como provar que a carta chegou em 17 de maio e a golpista fez o saque dois dias antes, data em que o INSS repassou o valor para o banco”, afirma o marido. Isso porque se trata de correspondência AR (Aviso de Recebimento), e só é entregue mediante assinatura de quem recebeu, no caso, um dos filhos do casal.
Identidade falsa
Quando Adilse foi ao banco, no dia 20 de maio, descobriu que o valor retroativo da aposentadoria havia sido levado por outra pessoa que se passou por ela. Pelo que o casal descreveu sobre as imagens das câmeras de segurança que o banco mostrou, a golpista aparentava ter a mesma idade de Adilse, cabelos brancos e curtos e usou identidade falsa para retirar R$ 5 mil direto do caixa e transferir R$ 40 mil restantes para conta de um correntista da Caixa.
Senha nova tirada no caixa
A validação da senha do cartão magnético da Previdência Social dispensa o uso da senha anterior para cadastrar a nova. Foi usando esse artifício que a golpista, que não tinha o cartão da verdadeira Adilse dos Santos Bruno, conseguiu a senha no caixa do banco e se apropriou do benefício. “Fiquei frustrada e impressionada com a facilidade que alguém que se passou por mim teve de levar o dinheiro que eu precisei de cinco anos para encaminhar a documentação de um dos meus empregadores até comprovar que eu tinha direito”, desabafa.
Em nota, as assessorias do Banco do Brasil e do INSS informaram que já tomaram conhecimento da denúncia da segurada e que, desde então, adotaram “todas as providências necessárias para averiguação do caso” e da responsabilidade sobre quem deverá ressarcir a beneficiária. Por causa do sigilo, o INSS não pode detalhar os procedimentos que estão sendo adotados. A assessoria da Polícia Federal informou que casos semelhantes ao de Adilse também estão sendo investigados, mas os detalhes ainda não podem ser revelados.