Preocupado em como os parcos recursos da saúde estão sendo aplicados no Paraná, o Instituto da Gestão em Saúde (IGS) trouxe a Curitiba, na última quarta-feira, o médico Marcos Bosi Ferraz, que realizou um workshop sobre os fundamentos de economia da saúde. Professor adjunto da Universidade Federal de São Paulo (USP) e coordenador do Centro Paulista de Economia da Saúde, Ferraz explica que é urgente a necessidade dos médicos aprenderem a gerir esses exíguos recursos, sob pena de piorarem ainda mais a situação da área no País. "O Paraná sofre dos mesmos problemas que o resto do Brasil, como a falta de leitos e de profissionais, principalmente no área pública. São dificuldades extremas que exigem ainda mais cuidado com os poucos recursos que as instituições recebem", diz o especialista.

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Para o médico, o Brasil passa por um difícil paradoxo: ao mesmo tempo que é pobre, tem a sua disposição a tecnologia de nações ricas e que, se o pouco dinheiro existente não for corretamente aplicado, não há como oferecer medicina de qualidade e que realmente apresente resultados. "O problema é que pelo nosso modelo econômico temos pacientes que podem fazer cirurgia a laser enquanto muitos não têm nem onde ser internados, sem possibilidade de ficar em um leito ao menos confortável. Mas tanto um quanto o outro estão exigentes", afirma. Segundo Ferraz, para solucionar essa dicotomia, não adianta apenas trazer um administrador para gerir os sistemas de saúde, que apresenta muitas peculiaridades. "O ideal é que os próprios médicos, que já conhecem essas nuanças, se tornem administradores e economistas", diz. Ele acrescenta que o oposto já ocorre. "Esse tipo de profissional já está aprendendo os segredos envolvidos na saúde brasileira", conta.

Ferraz defende a incorporação da temática econômica já na faculdade. Para ele, o Brasil está bem atrasado nesse quesito em comparação com outros países, onde o ensino e a prática andam lado a lado com mais consistência. "Os médicos estudam dez anos e não sabem montar uma planilha de gastos para seus consultórios ao final de sua vida de estudos", afirma.

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