Muito se fala sobre os ganhos econômicos que o Brasil pode ter com o pré-sal. Porém, pouco se discute sobre os riscos que a exploração do mesmo pode representar ao meio ambiente.
Ontem, o assunto foi trazido à tona em Curitiba, durante o VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que acontece no ExpoUnimed, no câmpus da Universidade Positivo.
O principal problema gerado pela exploração seria a transferência de uma quantidade imensa de carbono retida por milhões de anos na camada pré-sal para a superfície. Isso contribuiria com o aumento do efeito estufa e das mudanças climáticas no planeta.
Segundo o geógrafo e professor da Universidade Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, Jules Marcelo Soto, a exploração do pré-sal é um contrassenso. Isso porque, enquanto o mundo está buscando alternativas energéticas, o Brasil passa a defender o petróleo como algo fundamental e prioritário.
“O pré-sal já é conhecido há pelo menos quinze anos e não é exclusivo do Brasil. Porém, agora, a exploração da reserva de petróleo que se encontra abaixo de uma camada de sal se tornou uma bandeira política”, comenta. “Muitos países já estudaram a exploração do pré-sal e desistiram da ideia devido ao grande desafio e ao altos riscos que a atividade representa. Entre esses países estão os Estados Unidos, que pensavam em fazer a exploração no Golfo do México”.
Jules não duvida que a Petrobras seja capaz de desenvolver uma tecnologia para explorar o pré-sal de forma segura. Entretanto, por mais que isso aconteça, o professor diz que os danos causados pelos gases oriundos do processo de beneficiamento e queima de petróleo e pelos contaminantes físicos do produto (como plásticos e óleo derramado) serão imensos.
“Com a exploração do pré-sal, muita gente vai enriquecer. Porém, não consigo enxergar ganhos sociais para o Brasil”, afirma. “O ônus da exploração deve ficar com nossos netos, que vão sofrer em função dos impactos ambientais que vamos causar hoje. A camada de pré-sal levou milhões de anos para ser formada e o homem está dizendo que vai consumi-la em quarenta anos. Estamos consumindo recursos de escala geológica em um tempo mínimo”.