Cristiano Pinto dos Santos tem 33 anos e pesa 127 quilos. Para a maioria das pessoas, o número indica obesidade. Porém, Santos se intitula um ex-gordo. E tem razão para isso: há cinco anos, este gaúcho de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, chegou a pesar 280 quilos.
Depois de iniciar uma mobilização, Santos conseguiu o direito de fazer uma cirurgia de redução de estômago e de intestino pelo SUS. Em um episódio, ele e cinco dos maiores obesos mórbidos do Rio Grande do Sul impediram, com seus corpos, o então ministro José Serra de sair da Assembléia Legislativa.
Passados cinco anos desde que iniciou sua recuperação, Santos quer agora que o benefício chegue até outras pessoas que estão na situação em que ele esteve. Para isso, resolveu iniciar uma caminhada de 2,7 mil quilômetros desde Cachoeirinha até Brasília. ?Quero que o governo brasileiro encare a obesidade como doença – coisa que não faz – e que ponha em prática uma portaria do Ministério da Saúde que habilita mais hospitais a realizar a cirurgia pela qual passei.?
Segundo Cristiano, a portaria espera regulamentação e aumentaria a intervenção em 50%. O vice-presidente da Sociedade Paranaense de Cirurgia Bariátrica, Paulo Nassif, informa que a fila de espera no Estado para se fazer a cirurgia pelo SUS chega a cinco anos, o que causa diversas efeitos negativos aos obesos.
O Ministério da Saúde informou que a portaria já está valendo e que credenciou diversos hospitais a realizarem a cirurgia. Porém, limitações orçamentárias impedem que o serviço chegue a outras unidades, principalmente porque, de acordo com o ministério, o credenciamento não pode ser feito indiscriminadamente devido à exigência de qualidade que este tipo de cirurgia requer.