Após um período de tranqüilidade, a escola estadual Humberto de Alencar Castello Branco, a maior de Pinhais, com 2 mil alunos matriculados, voltou a viver o pesadelo das gangues que atormentam a região. Na última quarta-feira, Vítor, de 17 anos foi agredido por outros três colegas. O menino estava separando uma briga de duas colegas, quando foi agarrado e empurrado escada abaixo. Mesmo depois de desmaiado, os outros estudantes continuaram a chutar Vítor, que foi encaminhado para o Hospital Cajuru com vários hematomas e um coágulo na cabeça.
Segundo o diretor do colégio, Nelson de Oliveira, os agressores provavelmente eram da turma do Weisópolis. “Acredito que tenha sido algo relacionado a meninas. Eles não admitem que uma garota do bairro fique com um rapaz do bairro rival”, explica. O Castello Branco atende a vários bairros de Pinhais, como Vila Tarumã, Vila Trindade, Weissópolis, Jardim Holandês, além de Piraquara.
O diretor ressalta que, por estar localizado em uma região carente e violenta, é natural que os jovens levem essa realidade para o colégio. “Tinha tiro e briga de faca aqui. Estava insuportável”, explica Marcos Antônio Zaninelli, do Conselho Tutelar e da Associação de Pais e Mestres.
A diretoria do Castello Branco se viu obrigada a adotar medidas para conter a violência. Os alunos da manhã passaram a freqüentar as aulas de uniforme e os da noite têm de apresentar carteirinha de identificação. Muros foram erguidos ao redor da escola. Os alunos tornaram-se responsáveis por uma horta. O grafite substituiu a pichação nas paredes do colégio, com o objetivo de valorizar a capacidade artística dos estudantes e as canchas esportivas passaram a ficar abertas nos finais de semana em uma tentativa de aproximar a comunidade da escola. “Melhorou muito. Não registramos mais nenhuma infração”, diz Marco.
Mais respeito
“Ë claro que o problema das gangues não acabou, mas escola passou a ser vista como uma alternativa dentro da comunidade “, afirma o diretor, que garante que o incidente com Vítor não vai abalar a instituição. Uma reunião envolvendo o Conselho Tutelar, a direção do colégio e pais dos alunos, afastou os agressores de Vítor.