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Futebol na praça agita as tardes no bairro Novo Mundo

Quem passa aos sábados na Praça Luiz F.Mainardes, na Avenida Brasília, no Novo Mundo, encontra a garotada participando de partida de futebol. Não é apenas um grupo que se reúne para jogar nos fins de semana. Estas crianças e adolescentes fazem parte de projeto desenvolvido pelo administrador Fernando Henrique Santos, que resolveu oferecer a opção de atividade para os jovens, que tinham bastante tempo livre e poderiam encontrar o que fazer na rua. A iniciativa foi aliada com outra experiência, a ligação com o futebol amador em Curitiba. Atualmente, Fernando é o técnico do time do Caxias, do Boqueirão.

Ele mora no conjunto Gralha Azul há 35 anos e percebeu esta demanda para as crianças e adolescentes. As atividades elaboradas por ele são para meninos entre 8 e 16 anos. “Vamos para o terceiro ano e a divulgação foi entre os moradores mesmo. Em alguns sábados, chegamos a ter de 40 a 50 crianças participando”, comenta Fernando.

Ele decidiu fazer a diferença na comunidade e tem como contrapartida a evolução dos garotos, tanto na parte esportiva quanto no desenvolvimento humano. “Muitos evoluíram na coordenação motora desde que começaram a participar. Já conseguem desenvolver mais no campo. E a gente não conversa apenas de bola, ainda mais na fase de vida em que estão. Conversamos sobre outros assuntos e a gente dá opinião, tenta ajudar. Não é apenas o bate bola”, afirma Fernando. Para ajudar ainda mais na formação destes jovens, Fernando ainda estimula a doação de alimentos não perecíveis. Tudo o que é arrecadado entre eles é doado para uma creche no Novo Mundo.

Felipe Rosa
Fernando: sorteio.

Ansiedade

Mas jogar futebol tornou-se primordial para os meninos. Só que antes da bola rolar, têm que passar pelo alongamento e aquecimento. E ainda recebem aulas de fundamento do esporte. As crianças e adolescentes passam duas horas do sábado no campo de grama sintética e aguardam ansiosos pela atividade. “O intuito não é formar jogador, mas ocupar o tempo. Mas ficam ansiosos e tentam ocupar o máximo do tempo que ficamos aqui no sábado”, revela Fernando. De acordo com ele, são raros os pais que resolvem acompanhar os filhos durante a atividade.

Tira dinheiro do bolso

“A gente vem porque gosta de jogar futebol. Se não viesse para cá, ficaria dormindo em casa”, conta Dener Matheus, de 16 anos, que joga no meio de campo. “Também é muito bom encontrar os amigos”, relata Leonardo Miranda, 16, que gosta de atuar na lateral esquerda.

Fernando faz tudo com recursos próprios. Começou com três bolas de futebol e aos poucos foi reunindo mais material esportivo com aqueles que se sensibilizavam com a ideia. Não tem apoio do poder público ou do empresariado da região. “Já procurei os empresários, mas não houve interesse. Até desisti por um tempo. Consegui os coletes com o pessoal de Santa Catarina. A gente continua fazendo porque gosta”, declara. Apesar disso, ele compra calção, meião ou camisas e faz sorteio entre aqueles que compareceram em todos os sábados, sem atrasos, para estimular ainda mais a participação e a consciência sobre a disciplina. Se conseguir apoio financeiro, Fernando poderá melhorar o material esportivo oferecido nas atividades e até conseguir inscrever os jovens em campeonatos.

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