Cerca de sessenta funcionários do Hospital Evangélico, em Curitiba, realizaram uma manifestação em frente ao estabelecimento, ontem de manhã. Eles lutam por reajuste salarial e aderiram à greve por tempo indeterminado que foi aprovada pela categoria em assembléia no último dia 29. “Só voltaremos às nossas atividades normais quando tivermos nossas reivindicações atendidas”, diz a presidente da Federação Democrática dos Trabalhadores da Saúde, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Isabel Cristina Gonçalves, que também é diretora do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc).
O Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Paraná (Sindipar) afirmou, em nota divulgada na tarde de ontem, que não houve qualquer adesão à greve anunciada pelo Sindesc. Além do Evangélico, porém, os manifestantes afirmavam que ainda ontem já havia aderido à greve a maioria dos funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá e que foram realizadas manifestações em hospitais particulares de Toledo e Francisco Beltrão. No final da tarde, o Sindesc informou que foi marcada audiência de conciliação para as 17h de hoje no Tribunal Regional do Trabalho, em Curitiba.
Protesto
Trabalhadores de vários setores do hospital participaram da manifestação no Evangélico. Entre eles, os da limpeza e higiene, administração, enfermagem e segurança do trabalho. A principal reivindicação é um reajuste salarial de 38%, calculado pelo ICV-Dieese e referente a perdas salariais ocorridas desde 1998. “As condições de vida dos funcionários caíram bastante nos últimos anos”, lamenta Isabel. “Queremos a recomposição de nossos salários e as mesmas condições que tínhamos em 1998.”
Os funcionários também reivindicam redução da jornada de trabalho de 36 para trinta horas semanais, geração de novos empregos dentro do Evangélico, melhores condições de trabalho e fim do assédio moral dentro das clínicas e hospitais. “A pressão sobre os funcionários dos hospitais costuma ser muito alta”, denuncia a sindicalista. “Constantemente eles são ameaçados de demissão, transferidos de setor para setor ou desmerecidos por seus trabalhos.”
Patrões
Segundo o presidente da Federação dos Hospitais do Estado do Paraná e do Sindipar, José Francisco Schiavon, responsável pelas negociações com o Sindesc, existe um documento que propõe reajuste de 7% para os funcionários dos hospitais particulares. “Já é considerado inviável”, alega. “Mais é impossível conceder, pois as clínicas e hospitais estão endividados e passando por sérias dificuldades. Nos últimos anos, deixaram de receber reajustes do SUS e das operadoras e planos de saúde”, defende.