Funcionários de hospitais, clínicas e laboratórios particulares da região de Curitiba entram em greve a partir de hoje. A decisão foi tomada numa assembléia realizada no último dia 29 de maio. Ontem eles fizeram outra assembléia, que serviu apenas para definir estratégias sobre a paralisação. Conforme o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc), Natanael Marchini, os trabalhadores querem a renovação da convenção coletiva anterior, que tem 82 itens.
Marchini destacou que as principais reivindicações da categoria são relativas a uma recomposição de 19,37% nos salários e no auxílio-alimentação. Esse percentual corresponde às perdas entre abril de 2002 e maio de 2003. O presidente do Sindesc acredita que as perdas acumuladas desde 98 ultrapassem os 30%. “Também estamos lutando pelos adicionais noturno e de tempo de serviço, além da insalubridade. Outro ponto é redução de 36 para 30 horas semanais da jornada de trabalho”, contou Marchini. O sindicalista destacou que a greve é por tempo indeterminado, mas que um percentual mínimo de trabalhadores exigidos pela Justiça continuará trabalhando. “Somos 14 mil trabalhadores. Esperamos pelos menos 50% de adesão à paralisação”, disse Marchini.
Sem reajuste
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde do Paraná, José Francisco Schiavon, afirmou que nem o Sistema Único de Saúde (SUS), muito menos as operadoras de planos de saúde reajustaram as taxa pagas aos hospitais nos últimos anos. Isso acarretou num grande rombo e na impossibilidade de se conceder aumento aos funcionários neste momento. “O SUS não aumenta os valores faz oito anos. As operadoras de planos de saúde, há seis anos e meio. Porém tudo subiu. A inflação do período foi 105%”, reclamou Schiavon, dizendo que compreende a situação dos funcionários, mas que os hospitais não têm como conceder reajustes.
Schiavon explicou que nos últimos quatro anos a Agência Nacional de Saúde autorizou as operadoras a fazerem reajustes de 35% aos clientes. Todavia nada foi repassado aos hospitais. Uma diária hospitalar, por exemplo, custa entre R$ 70,00 e R$ 80,0 aos hospitais, que recebem apenas R$ 30,00 das operadoras. “Estamos pedindo apoio à sociedade. No mês passado já havia enviado correspondência os deputados e ao Poder Judiciário, tentando sensibilizá-los sobre a situação crítica que passam os estabelecimentos de saúde”, contou Schiavon.