Trabalhadores que fazem a coleta vegetal, poda de árvores e varrimento de folhas em Curitiba protestaram em frente à prefeitura, no Centro Cívico, no final da manhã e duraante a tarde desta quinta-feira (25). De braços cruzados desde quarta-feira (24), eles reclamam dos atrasos salariais. Em alguns momentos, os cerca de 200 manifestantes bloquearam uma das pistas da Avenida Cândido de Abreu.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação de Curitiba e Região (Siemaco), Manassés Oliveira, a situação é provocada pelo atraso superior a 90 dias no pagamento da prefeitura às empresas Nicons Comércio de Plantas Limitada, Ajardine Paisagismo Ltda e Urbanística Ambiência Limitada. Em torno de 500 trabalhadores são afetados pela demora nos repasses às prestadoras de serviços do município.
Manassés relata que os salários dos funcionários da limpeza pública, que deveriam ser pagos no quinto dia útil, costumam ser depositados somente ao redor do dia 10. “O vale era para ter saído no dia 20, mas não saiu até agora. Em razão de tudo isso, as empresas não conseguem colocar combustíveis nos caminhões”, comenta. Conforme o Siemaco, as empresas alegam não ter previsão de acertar as pendências porque a prefeitura não estaria honrando os contratos.
Manassés revela ainda que a prefeitura está reduzindo em 15% seus contratos com terceirizadas (Obra-Prima, Higie Service, Auxiliar e Tecnolimp) para conseguir se manter dentro do orçamento. Com isso, a partir do dia 30 deve haver 200 demissões em escolas municipais e postos de saúde. “Abriram mais salas de aula e mais bibliotecas, porém estão reduzindo os postos de trabalho, o que vai gerar acúmulo de serviço”. O Siemaco já entrou com pedido de mediação na Justiça do Trabalho para as duas questões: salariais e ameaça de corte de empregos.
Marcelo Ribeiro, representante da Urbanística, confirmou que o óleo diesel que abastece os caminhões já está na reserva, logo vai acabar e revelou que a empresa gasta cerca de R$ 150 mil mensais com combustível. Também relatou que a empresa está sem correntes para as motoserras e sabe que isso pode ser complicado, pois é na primavera que caem muitas árvores. Há cerca de 300 mil árvores cuidadas pela equipe na capital.
Conversa com a prefeitura
Durante a tarde, representantes da categoria foram recebidos pelo secretário municipal de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, que informou sobre o compromisso da prefeitura em retomar os pagamentos na segunda-feira. De acordo com a administração da cidade, “alterações no fluxo de caixa” teriam sido o motivo dos atrasos nas últimas semanas. “A Prefeitura trabalha numa série de medidas destinadas a conter gastos e otimizar os recursos disponíveis, de forma a fazer frente à situação, nesta em outras áreas”.
Nesta sexta-feira, ocorrerá uma audiência no Ministério Público, solicitada pelo Siemaco, para discutir os atrasos. Além do sindicato, estarão presentes a Prefeitura de Curitiba e mais representantes de cerca de 15 empresas de coleta de Curitiba e Região Metropolitana que estão com dificuldades financeiras para o pagamento dos funcionários.