Frio pode ter feito primeira vítima fatal do ano em Curitiba

As baixas temperaturas verificadas ontem em Curitiba podem ter feito a primeira vítima fatal do ano na cidade.

No início da manhã, um homem de 43 anos foi encontrado morto na Rua Justo Manfron, no bairro de Santa Felicidade, divisa com o município de Almirante Tamandaré.

De acordo com o investigador da Delegacia de Homicídios, Sidnei Belizário de Melo, vizinhos viram o homem caído na rua e ligaram para a Fundação de Ação Social (FAS). Quando o serviço chegou ao local, a vítima já estava morta e foi encaminhada ao Instituto Médico-Legal (IML). ?O corpo não apresentava lesões aparentes e estava maltrapilho, com roupa úmida e suja de terra. A irmã dele disse que ele bebia todos os dias. Segundo o perito do Instituto de Criminalística que estava no local, há 90% de chances de a causa da morte ter sido o frio?, afirmou o investigador. A suspeita de morte por hipotermia só será confirmada após o exame de necropsia do IML, que deve demorar 30 dias para ficar pronto.

Canos

O frio intenso também provocou o congelamento dos canos de água e o rompimento de dutos no Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) Sítio Cercado. O imprevisto fez com que a unidade operasse com metade da estrutura de atendimento ambulatorial até o fim da tarde de ontem. Apenas os casos classificados como urgentes foram atendidos no local e boa parte do atendimento, que costuma ser de 500 a 600 pessoas por dia, foi transferido para os CMUMs Boqueirão e Pinheirinho. ?Com o estouro do cano, a água molhou a entrada do pronto-atendimento infantil e quatro consultórios. Para garantir o atendimento, as visitas em domicílio dos médicos foram canceladas?, esclareceu o diretor do Sistema de Urgências de Curitiba, Matheos Chomatas.

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) alerta que o frio pode danificar os medidores de consumo de água. A orientação é para que os usuários protejam os hidrômetros com caixas de papelão, plástico, madeira ou outro tipo de material que impeça o acúmulo de gelo. O congelamento da água dentro dos canos, que faz com que eles estourem, podendo provocar vazamentos.

Grande número de turistas

Foto: Chuniti Kawamura

Marina: ?Adorando o clima?.

Para quem busca aproveitar um autêntico inverno, dias ensolarados e comidas típicas do Paraná, Curitiba é o melhor lugar. O frio desta época do ano atrai, em média, 600 mil turistas que visitam parques, bosques e roteiros gastronômicos que a cidade oferece. No Jardim Botânico, por exemplo, o argentino Rodrigo Iza, de 38 anos, sentiu-se à vontade com o frio. Segundo ele, no dia de sua partida, Buenos Aires registrava a mesma temperatura da capital, -0,4ºC. ?Com o tempo assim, me senti em casa? conta o psicólogo.

Enquanto vários curitibanos pensam no calor das praias do Rio de Janeiro, a carioca Marina Silveira, de 58 anos, aproveita a baixa temperatura para visitar parte da família que está na capital. ?Estou adorando o clima de Curitiba, principalmente a beleza da cidade com a geada?, afirma Marina, que também visitava o Jardim Botânico.

Foto: Chuniti Kawamura

Rodrigo: ?Me senti em casa?.

Gastronomia

Uma das atrações desta época em Curitiba é a Feira Especial de Inverno, na Praça Osório. Os visitantes podem degustar comidas típicas e bebidas quentes, como o quentão com gemada. A feira, aberta no dia 31 de maio, vai até o próximo dia 29. No próximo mês, acontece ainda a festa do Frango e da Polenta, em Santa Felicidade. Na Região Metropolitana de Curitiba também é possível encontrar roteiros com turismo gastronômico. Piraquara e Quatro Barras oferecem a Rota do Pinhão. Para quem gosta de vinho, São José dos Pinhais proporciona o Caminho do Vinho.

Cresce procura por um abrigo

Elizangela Wroniski

O número de pessoas que procuram abrigo durante a noite dobrou em Curitiba. Subiu de 120 para 240. Segundo a coordenadora da Central de Resgate Social da Fundação de Ação Social (FAS), Roseli Carvalho Muraski, são moradores de rua e a maioria está envolvido com drogas e álcool.

Roseli explica que grande parte dessas pessoas se recusa a receber ajuda e por isso acabam morando nas ruas. O vício acaba vencendo a vontade de conseguir um lar e voltar a trabalhar. Quando o frio aperta, eles telefonam para o 156 ou vão até a unidade que fica no centro. Outros são resgatados pela unidade móvel.

No local as pessoas tomam banho, recebem comida e podem se consultar com médicos e dentistas. É feito um trabalho de triagem para ver que tipo de encaminhamento cada um necessita. Alguns estão sem documentos e outros têm condições de voltar para família. Quem não tem mais vínculo pode ficar abrigado em um albergue. Mas boa parte acaba voltando para a rua e só procura ajuda em situações extremas, como o frio.

A maioria destas pessoas é homem. O número de mulheres nessa situação não chega a 10%. Mas também há crianças e adolescentes vivendo em situação de rua. São cerca de 100. Uma parte é de Curitiba e outra vem dos municípios da Região Metropolitana. Como os adultos, grande parte tem envolvimento com as drogas.

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