Tradição

Frio não afasta fiéis na confecção dos tapetes de Corpus Christi

O clima frio não abalou os milhares de fiéis que participaram na manhã desta quinta-feira (30) da confecção do tradicional tapete de Corpus Christi. Foram aproximadamente 1.700 metros de extensão – da Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais até o Palácio Iguaçu, no Centro Cívico – de um trabalho minucioso e feito com muito capricho, retratando Jesus Cristo, Virgem Maria, pão, vinho e outros símbolos religiosos.

Uma procissão com o Santíssimo Sacramento à tarde fará o trajeto pelo tapete dos fiéis. O tapete é dividido em lotes, que são distribuídos entre voluntários que se candidatam dois meses antes do Corpus Christi. O principal material utilizado é a serragem, mas também são usados materiais recicláveis, flores, pó de café, cal, entre outros. Segundo o padre Fabiano Dias, reitor do Seminário São José, “roupas e alimentos são deixados ao longo do tapete para serem partilhados com pessoas pobres”.

A tradição dos tapetes é milenar – de acordo com o padre Fabiano, “esse um costume da devoção popular, que teve início em 1314 com o papa Clemente V”. Ele conta que a festa do corpo e sangue de Cristo alcançou uma popularidade muito grande no Ocidente e a celebração espalhou-se rapidamente por toda a igreja. “Começaram a fazer os tapetes para os sacerdotes e bispos passarem com a hóstia consagrada por cima, para destacar a figura de Jesus Cristo presente na eucaristia”, explica o padre.

Ana Maria Senff, de 61 anos, acordou cedinho no feriado para participar da confecção do tapete. Ela participa desde a primeira edição, realizada em 2005. “A gente não faz para aparecer, fazemos para Jesus. O capricho é todo para ele”, afirma. A funcionária pública Maristela dos Santos, de 49 anos, participa com toda a família. Para ela, o frio não é empecilho. “Mesmo se tivesse chovendo eu teria vindo”, revela. A técnica para a montagem, segundo Maristela, vem da experiência. “A gente vai fazendo, vai olhando e aprendendo com os outros, e vai melhorando”, destaca.

“Para nós não é feriado, é um dia santo”, comenta a pedagoga Elaine Bueno Gandolfo. O engenheiro civil Emílio Boçon, de 56 anos, considera que o trabalho em grupo é essencial para o tapete ficar bonito. “Cada um faz um pedacinho e o trabalho flui muito melhor”, finaliza.

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