Freqüência de assaltos assusta usuário de ônibus

Embarcar em um ônibus em Curitiba está se tornando cada vez mais perigoso. É difícil encontrar uma pessoa que ainda não passou ou presenciou uma situação de insegurança. Os assaltos e roubos estão cada vez mais freqüentes. A própria polícia admitiu o problema, e criou este ano uma força-tarefa para atuar em estações e dentro de ônibus.

O auxiliar contábil Celso Roberto José afirma que evita pegar ônibus ou permanecer em pontos depois das 22h. “Nesse horário a movimentação de carros e pessoas diminui, o que favorece a ação dos marginais”, diz. Ele revela que já foi abordado por assaltantes em um ponto na Barreirinha. “Um grupo começou a me seguir, e quando eu parei no ponto um deles abriu a jaqueta e mostrou a arma. Como não tinha dinheiro, ainda me chamaram de vagabundo”, contou. Celso já presenciou uma tentativa de assalto dentro do ônibus, que faz a linha Curitiba-Fazenda Rio Grande. “Eles deram voz de assalto, e o motorista abriu a porta, quando a pessoas saíram correndo no meio da rodovia”, lembra. Para ele, andar de ônibus na capital é uma aventura.

Antes de sair de casa, a comerciante Vandra França pensa duas vezes ao pegar documentos e dinheiro, pois já foi assaltada em um ponto de ônibus. “Hoje levo somente o necessário, e quando vou precisar de cheques, levo apenas uma folha escondida no bolso”, revelou. O vendedor autônomo Tadeu de Oliveira diz que sente medo de ficar à noite em pontos de ônibus, pois nem todos são iluminados, principalmente nos bairros, o que favorece as abordagens de marginais.

A professora Mírian Legey diz que demorou para superar o trauma que viveu em um ponto de ônibus no centro da cidade. “Fui abordada por um rapaz que ameaçava me estuprar se eu reagisse. Fiquei sem reação”, lembra. Para Mírian, o aumento do policiamento no centro da cidade poderia ser uma alternativa para reduzir as ocorrências.

Maior segurança também cobra o aposentado Roberto Fonseca. Ele conta que nos veículos articulados que fazem a linha no bairro do Portão, é muito comum ver gangues agindo dentro dos coletivos, assaltando principalmente jovens para levar roupas e celulares.

Redução

A Polícia Militar informou que devido ao aumento de assaltos em ônibus e estações-tubo, criou há cinco meses um grupo que tenta inibir essas ocorrências. São policiais à paisana que ficam nas estações ou dentro dos coletivos para flagrar a ação dos bandidos. Segundo a PM, em maio de 2002, foram registrados trezentos assaltos a estações-tubo. No mesmo período deste ano o número saltou para 480. Hoje a PM afirma que o número de ocorrências caiu. Os dados do mês passado devem ser fechados com cerca de 350 registros. O número de prisões também aumentou. De janeiro a setembro do ano passado a polícia prendeu 157 pessoas que agiam nos ônibus e estações. Já este ano, no mesmo período, o número saltou para 226.

Quanto à segurança nos pontos de ônibus, a PM informou que não existe programa específico, mas que, na medida do possível, vem intensificando as rondas policiais.

A Prefeitura de Curitiba informou que o trabalho de segurança é de competência da Polícia Militar, porém mantém nos ônibus mensagens de voz e placas de advertência alertando a população para tomar cuidado com furtos no interior dos veículos. Além disso, os novos pontos que estão sendo instalados na cidade são iluminados.

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