A família da dona de casa Rosemari de Andrade Schwendtner de Assunção, já aprendeu a conviver com a distância da caçula Francine, que tem apenas 2 anos e dois meses e há um ano e quatro meses mora no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Francine teve o intestino retirado quase que na totalidade, ficando com apenas 75 centímetros do órgão. A pequena precisa de uma alimentação especial e por isso utiliza um cateter, equipamento que a impede de ficar mais tempo com a família. Sem condições ideais de moradia, a família fica privada da convivência com a menina. O sonho da mãe é conseguir construir uma casa melhor para permitir à Francine a convivência normal com os irmãos e o pai. Nem mesmo com uma situação delicada seu processo para conseguir uma casa através dos programas dos governos foi antecipado e o drama se estende a cada dia.
“Ela já teve muitas infecções e como moramos aqui sem condições, com esgoto a céu aberto, o SUS não libera que ela fique com a família. Meu sonho mesmo era construir uma casinha aqui mesmo, que eu pudesse trazê-la de volta”, conta a mãe Rosemari.
Francine teve um tumor diagnosticado aos oito meses de idade e desde então vem sofrendo com uma rotina solitária e dolorosa. Já passou por três cirurgias, quimioterapia e 11 trocas de cateter.
“Já quase a perdi por cinco vezes. Em todas ela foi parar na UTI. Ouvi os médicos falarem que não tinham mais nada a fazer que era só esperar [pela morte]. Foi terrível”, relembra entristecida a mãe.
E toda a família acaba atingida pela dedicação que Francine precisa. Apesar de três dos quatro filhos que moram com Rosemari serem adolescentes e adultos, uma ainda preocupa bastante. Mislaine tem apenas 6 anos e também convive com a ausência constante da mãe.
“Ela não quer mais voltar pro hospital”
Se pudesse levar a caçula para casa, Rosemari teria mais tempo para dedicar às duas meninas. Além disso, as condições para acompanhar Francine no hospital também não são as melhores. “No hospital é como se fosse uma família para nós. Todo mundo nos conhece, nos tratam muito bem, mas temos que dormir numa cadeira, isso prejudica muito a coluna”, reclama Rosemari.
Mas na última semana, a família passou a conviver com uma rotina mais animadora. Depois de comemorar Natal e Ano Novo sozinha com Francine no Hospital de Clínicas, Rosemari teve autorização para ter a filha em casa diariamente, por cinco horas.
“Ela se alimenta no hospital, a trazemos para casa e no final da tarde ela tem que voltar. Se a casa fosse boa ela ficaria aqui”, lamenta a mãe.
E a pequena já começa a sentir a diferença entre estar em casa, o que não fazia desde bebê, e ter de passar as noites no hospital. “Ela não quer mais voltar para o hospital, está cansada de lá. Os tios, as tias e os primos ela até estranha. É muito triste não poder ter ela aqui. É difícil ver ela passando por tudo isso”, diz Rosemari.
Allan Costa Pinto |
---|
Francine curte a família: ela só pode ficar 5 horas entre os seus. |