Foz registra menores em situação irregular

A grande maioria das crianças e adolescentes que atravessam a Ponte da Amizade – que liga o Brasil ao Paraguai, em Foz do Iguaçu – vivem em situação irregular nos dois países. Muitos menores paraguaios passam a fronteira para trabalhar em atividades domésticas. Já os brasileiros atuam no transporte de mercadorias, inclusive drogas. Essa população, normalmente, não tem documentos nem autorização judicial para trafegar pela fronteira.

Os dados fazem parte de um levantamento, feito na semana passada, pela Vara da Infância e Juventude, Itaipu Binacional e faculdades de Foz do Iguaçu, que tinha como objetivo traçar um perfil dos jovens que vivem na região. Foram abordados mais de três mil crianças e adolescentes. Alguns desses menores estavam acompanhados dos pais, "que por falta de creches para deixar os filhos, acabam usando as próprias roupas das crianças para esconder peças de informática e atravessar a ponte", afirmou o técnico judiciário da Vara da Infância e Juventude, Edson Fernando da Silva, e um dos coordenadores do trabalho.

Além dessa situação, comentou Edson, foi identificado o caso de uma menina de 10 anos que estava se prostituindo no Paraguai; e de outro menor que atuava no transporte de mercadorias e pediu ajuda para se livrar do vício das drogas. A facilidade de ganhar dinheiro acaba sendo um atrativo para os menores.

A coordenadora do Programa de Proteção à Criança e Adolescente da Itaipu, Lígia Neves, comenta que no Brasil eles ganham cerca de R$ 200 por mês para trabalhar em atividades domésticas. Já para atuar no transporte de mercadorias, alguns menores afirmaram ganhar até US$ 300 por mês, valor que não conseguiriam no Brasil trabalhando legalmente como aprendizes.

Intervenções

Com base na pesquisas, comentou Edson Silva, eles pretendem criar uma força-tarefa, envolvendo órgãos de segurança e entidades que atuam com crianças e adolescentes, para ampliar a fiscalização na ponte. Aliado a isso, pensam em criar atrativos para essa clientela, principalmente porque a grande maioria disse não ter intenção de deixar a atual atividade. "A nossa preocupação é que essas crianças podem ser facilmente aliciadas para a prostituição e tráfico de drogas", finalizou.

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