Foz combate exploração de crianças

No próximo mês será lançado, em Foz do Iguaçu, uma campanha contra a exploração sexual comercial infanto-juvenil. Na região da tríplice fronteira – Argentina, Brasil, Paraguai – calcula-se que pelo menos 3,5 mil crianças e adolescentes vivam nessa situação. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) e a Prefeitura de Foz estão juntas nessa empreitada, que deve servir de modelo para o resto do País.

A ação faz parte de um programa da OIT – Programa Internacional de Eliminação do Trabalho Infantil (Ipec) -que começou a realizar suas atividades na tríplice fronteira em 2001. Até agora, foi feito um diagnóstico da realidade local e três casas de amparo, proteção e inserção social foram criadas na região.

O próximo passo é mobilizar os cinco setores da sociedade considerados fundamentais para a prevenção e o combate a exploração sexual comercial. São eles: transporte, polícia, turismo, educação e meios de comunicação. “Agora estamos no meio do projeto e a forma abrangente como está sendo realizado vai servir de modelo para o resto do País”, explica Pedro Américo Oliveira, que é coordenador nacional do Ipec. Ele explica que atividades parecidas já foram realizadas em outros países e obtiveram bons resultados.

Segundo levantamento feito no ano passado em Foz pelo Ipec, existem informações sobre o envolvimento de autoridades, policiais e políticos, além de redes internacionais colaborando para a exploração sexual. “Também estamos formando uma rede para combater essa situação”, comenta Oliveira. Outro apontamento do estudo dá conta de que a exploração ocorre contra meninos e meninas com idade entre 8 e 17 anos. Cerca de 70% delas residem com algum familiar. O problema também está intimamente ligado ao tráfico de drogas.

Para Rodrigues, combater a prostituição infantil significa adotar medidas complexas e depende de uma mudança de postura de toda a sociedade. Ele comenta também que muitas autoridades responsáveis pela lei acabam tratando crianças e jovens com desrespeito, como se elas não fossem as principais vítimas.

Capital

Em Curitiba, também existe o problema. Segundo a coordenadora do programa de Enfrentamento à Violência da Prefeitura de Curitiba, Célia Faysano, as mais diversas situações inserem as crianças e adolescentes nessa atividade. Geralmente, eles são de famílias desestruturadas. Alguns jovens se prostituem em troca de drogas e outros para se manter ou ajudar em casa. Além disso, a maioria das adolescentes já são mães.

Para combater essa prática, há três anos, a Prefeitura começou a ir até estabelecimentos onde as jovens se prostituem e as encaminham à programas sociais. Só o Centro de Referência da Prefeitura atende mensalmente 350 crianças e jovens, prestando atendimento terapêutico individual, de grupo e familiar.

Célia explica que desde o início do trabalho houve uma redução no número de jovens trabalhando em casas de prostituição. “Quando começamos, a cada batida, encontrávamos de duas a três meninas em cada estabelecimento, hoje nenhuma”, fala.

Porém, os números não refletem a realidade. Situações que ocorrem em casas particulares e que não são de cunho comercial são mais difíceis de serem detectadas. “Precisamos que alguém denuncie”, comenta Célia. Ela diz ainda que a maior barreira para combater a situação está nas camadas sociais de maior poder aquisitivo e grau de escolaridade. “Os vizinhos não denunciam porque não querem arranjar confusão e também por acreditar que alguém naquela posição social não seria capaz de cometer tais abusos”, explica.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo