Fotógrafo de Curitiba já capturou cenas históricas

Sabe aquele gol de mão que Maradona fez na Copa de 86 ou então o carrossel holandês em 74? Sérgio Sade viu esses e outros grandes eventos do esporte de perto e trabalhando. Natural de Curitiba o fotógrafo cobriu duas Copas do Mundo, uma Eurocopa, Grandes Prêmios de Fórmula 1, além de viagens presidenciais, conflitos urbanos e muitos outros acontecimentos.

O fotógrafo nascido em 1944 morava, quando criança, em frente à igreja do Rosário. “Eu já gostava de fotografia porque desde criança morava ao lado do Jovino, que era fotógrafo, e o seu trabalho me encantava. Parecia mágica ver a imagem surgindo no papel dentro daquele quarto vermelho”, relata.

Sérgio sonhava ser arquiteto, mas não conseguiu entrar no curso e se dedicou a fotografar. Entrou na primeira turma de jornalismo da Universidade Federal do Paraná. “Na faculdade eu achei um trabalho numa agência de publicidade, por três meses, mas em seguida peguei estágio nos jornais Tribuna e O Estado do Paraná, onde fiquei quase um ano”.

Ao mesmo tempo surgiram alguns trabalhos para a revista Manchete. Quando o Atlético Paranaense participou do torneio Roberto Gomes Pedrosa, o “Robertão”, em 1968, os jornais de circulação nacional, como O Globo, Jornal da Tarde e Estado de São Paulo, começaram a chamar Sade para fotografar jogos dos times do sudeste em Curitiba.

No mesmo ano, surgiu a revista Veja, da Editora Abril, e ele começou a fotografar na sucursal da revista em Curitiba. Já no começo dos anos 70 começou a rodar a revista Placar, também da Abril. Resolver o problema de entrega do material em tempos sem internet era complicado. “O jogo terminava e tinha que entregar no dia. Eu ia para o aeroporto e entregava para um passageiro qualquer e pedia para ele entregar para quem estivesse esperando no aeroporto da outra cidade. Às vezes dava uma revista de brinde para quem fazia a entrega”, recorda.

Novo rumo

Até 1974 ele trabalhou de freelancer. Foi então que veio a Copa da Alemanha e a Veja o contratou para poder credenciá-lo na cobertura do evento. “Era difícil conseguir credencial para dentro do campo, alguns entravam e o resto ia para a arquibancada. Sempre fui para a arquibancada e tive a sorte de cobrir o jogo entre Argentina e Holanda. Lá fotografei o carrossel holandês e mandei para a Veja. A revista deu seis páginas sobre o esquema tático deles”, lembra.

Mudanças radicais

Sade entende que a foto mudou radicalmente desde que se entende por gente. “Hoje em dia é tudo automático, minha netinha de cinco anos fotografa, fica bonitinho. Mas o detalhe que é muito fácil fazer uma foto boa, publicável para o Facebook. Agora você ser obrigado a fazer uma fotografia boa, cumprir uma pauta, aí é difícil, minha netinha não consegue, nem o fotógrafo amador”, compara.

Para o experiente fotojornalista, a foto que mostra que o profissional é bom é aquela no local que não favorece. “Você vai em Munique, Colônia, tudo é bonito. Não quero foto do exterior, quero ver foto da periferia. O pessoal da imprensa daqui é de tirar o chapéu, temos ótimos fotógrafos”. Atualmente, Sade fotografa muito a cidade. Quando sai para caminhar, aproveita para tirar fotos com seu celular. “Adoro o centro, fotografo muito, mas sem compromisso. Se bem que hoje em dia sou muito mais fotógrafo de neto do que outra coisa”, brinca o fotógrafo de Copas do Mundo.

Famoso por foto única

Depois da Copa, Sade foi morar em São Paulo, virou o primeiro chefe de fotografia da editora e ficou lá por seis anos. Depois voltou para a Curitiba, ainda trabalhando para o grupo. Porém a fotografia mais famosa do curitibano veio anos depois, na Copa que consagrou Maradona. Sade estava ali na tribuna, de honra, ao lado de apenas nove outros fotógrafos de todo mundo quando Maradona beijou e ergueu a taça.

“Distribui as credenciais para os fotógrafos da Abril e eu iria para a arquibancada, quando vi passar o chefe de imprensa da Fifa com coletes brancos que eu nunca tinha visto e fotógrafos atrás dele. Fui atrás também. Aqueles coletes eram para pessoas previamente escolhidas, só que uma das pessoas não foi e então aproveitei. A única foto que bati foi a do capitão erguendo a taça, porque a tribuna era muito longe do gramado para bater fotos dos jogos”, orgulha-se.

No começo da década de 90 Sade saiu da Abril e começou a trabalhar por conta, na área da publicidade e também lecionando em faculdade. O fotógrafo garante que sente saudade do jornalismo, já que considera a publicidade muito cansativa.

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