"Adotar ações de responsabilidade social não é mais uma opção das empresas, mas sim uma forma de atender a uma cobrança da sociedade, que hoje exige da iniciativa privada um comportamento socialmente responsável e deixa de comprar, por exemplo, de quem utiliza mão-de-obra infantil, promove trabalho forçado e não respeita o meio ambiente." A afirmação é da coordenadora do Fórum de Aprendizado do Pacto Global (Global Compact) no Paraná, Lúcia Padilha. O fórum foi realizado ontem, no Cietep, em Curitiba, com o objetivo de apresentar os princípios do Pacto Global à sociedade e, ao mesmo tempo, ajudar as organizações a criarem ações concretas para que a responsabilidade social seja inserida em suas gestões.
O Pacto Global é resultado de um convite efetuado ao setor privado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000, para que as empresas – juntamente com agências das Nações Unidas (Alto Comissariado para Direitos Humanos, Programa para o Meio Ambiente, Organização Internacional do Trabalho, entre outras) e atores sociais – contribuam para o avanço de uma economia global mais sustentável e inclusiva.
"O Estado não tem como, sozinho, atender a todas as necessidades da população. Então, a iniciativa privada teve que entrar", comentou Lúcia. "Hoje, as empresas não se preocupam mais apenas com a imagem, que é uma coisa efêmera, mas com a reputação, que é algo que perdura. Os consumidores estão cada vez mais críticos e fiscalizam as empresas, exigindo que elas cumpram com a responsabilidade social."
Segundo o presidente do Instituto Ethos, entidade que coordena a rede do Pacto Global no Brasil, Oded Grajew, cerca 1,8 mil empresas no mundo atenderam ao convite de Kofi Annan e aderiram ao pacto. Dessas, 254 são brasileiras. "Há seis anos e quatro meses, quando o instituto foi criado, o conceito de responsabilidade social não era conhecido no Brasil. Ser responsável socialmente não é apenas realizar filantropia, mas tentar melhorar o impacto que a empresa tem com seus funcionários, clientes, com a comunidade onde está inserida, o meio ambiente e também o governo", afirmou.
Copel
Durante o fórum, empresários foram convidados a apresentar suas iniciativas de sucesso na área de responsabilidade social. Na ocasião, a Copel apresentou um projeto denominado Tributo ao Iguaçu, desenvolvido junto a comunidades que vivem ao longo da Bacia do Iguaçu, onde a empresa mantém cinco grandes usinas. "O Tributo ao Iguaçu é uma rede de empresas, organizações governamentais e não governamentais, associações e universidades coordenadas pela Copel. Seu objetivo é desenvolver projetos de cultura e lazer, emprego e renda e inclusão social para que as comunidades que vivem ao longo do Rio Iguaçu encontrem o caminho da sustentabilidade", explica a coordenadora de responsabilidade social da Copel, Suzy Pontarolli. "A Copel tem licença para explorar os recursos naturais ao longo da bacia, mas não pode fazer isso visando o lucro a qualquer preço. Precisa dar um retorno à sociedade onde está inserida."
Princípios do Pacto Global
Princípios de Direitos Humanos:
1) Respeitar e proteger os direitos humanos;
2) Impedir violações de direitos humanos;
Princípios de Direitos do Trabalho:
3) Apoiar a liberdade de associação no trabalho;
4) Abolir o trabalho forçado;
5) Abolir o trabalho infantil;
6) Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho;
Princípios de proteção ambiental:
7) Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;
8) Promover a responsabilidade ambiental;
9) Encorajar tecnologias que não agridam o meio ambiente;
Princípio contra a corrupção:
10) Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.