O contrabando e roubo de agrotóxicos, assim como assaltos nos postos de atendimento de cooperativas agrícolas e autuações no transporte rodoviário de agrotóxicos foram discutidos na manhã de ontem, na Secretaria de Estado da Segurança Pública. O problema foi tratado entre o vice-governador e secretário de Agricultura e do Abastecimento, Orlando Pessuti, o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, representantes do Sindicato e Organizações das Cooperativas do Estado do Paraná, João Paulo Koslovski, presidente da Ocepar, Áureo Zamprônio, da Coagru, e Frank Dijkstra, da Batavo. O comandante da Polícia Rodoviária, major Tachibana, também participou do encontro.
O governo do Paraná vai criar, nos próximos dias, força-tarefa para tratar e coibir esses problemas. Segundo o secretário da Agricultura, essa é uma preocupação constante por parte do governo estadual. "Vamos intensificar os trabalhos da nossa polícia especializada para rastrear essas atividades ilícitas. Além disso, vamos reunir os sindicatos rurais, a Federação da Agricultura e do Abastecimento (Faep), os técnicos do setor de fiscalização para que, de forma conjunta, nos auxiliem a identificar o uso dos lotes dos defensivos agrícolas nas lavouras. Devemos atuar nas duas pontas. O agricultor também pode nos ajudar, evitando a compra de produtos de origem suspeita", afirmou Pessuti.
O secretário de Segurança discutiu também as reivindicações dos representantes do setor agrícola e determinou que o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) centralize as investigações sobre os crimes que afetam os agricultores paranaenses, principalmente roubo de insumos e maquinários agrícolas. "É uma estrutura criminosa organizada", disse. Também será avaliada a possibilidade de patrulhamento preventivo próximo às agências bancárias, em horas de coletas e malotes, e nos finais de expedientes nas cooperativas.
Casos
Na última terça-feira, um grupo não identificado roubou da Cooperativa Agrícola União (Coagru), de Ubiratã, uma carga de agrotóxicos avaliados em R$ 1,8 milhão. Segundo João Paulo Koslovski, além desse problema, "os produtos acabam depois sendo vendidos nas próprias regiões, diretamente nas propriedades rurais, a preços menores que os praticados no mercado". "Isso cria um círculo vicioso que alimenta a prática criminosa. É necessário que a polícia investigue onde há comercializações suspeitas para identificar possíveis receptadores", disse Koslovski. Outro alerta feito pelo dirigente da Ocepar diz respeito também ao contrabando de agrotóxicos de países vizinhos.
Sobre as autuações no transporte rodoviário de agrotóxicos, os representantes dos produtores pediram para que o governo estadual providencie cursos e palestras específicas sobre o tema. A falta de habilitação do condutor para o transporte de cargas perigosas é normatizada pela Resolução 91/99 do Contran. No Paraná, é aplicada através da Portaria 544 do Detran.
O problema, segundo o documento encaminhado pela Ocepar, é que está se aplicando para o transporte de agrotóxicos pelos agricultores para uso próprio, a mesma norma aplicada aos transportes de cargas perigosas. A obsservância da legislação se dá mediante um curso de 40 horas, o que é considerado longo demais pelos agricultores. Segundo a Ocepar, não haveria estrutura apropriada para capacitar todos os produtores, em torno de 350 mil no Estado.