Foto: Allan Costa Pinto |
Capital abriga migrantes. continua após a publicidade |
O ?leite quente? do curitibano, definitivamente, não é mais o mesmo. Hoje ele já se mistura com os ?xxs? dos catarinenses e cariocas. Também tem peso na mudança do sotaque o ?r? carregado e o ?i? acentuado no final das palavras, típico do pessoal do norte do Estado. A grande migração das pessoas, tanto para Curitiba quanto dentro do próprio Estado, foi comprovada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a pesquisa, 48,60% da população residente nas cidades do Estado nasceram em outros municípios. Essa migração interna ocorre, na grande maioria das vezes, das pequenas para as grandes cidades, pela procura de oportunidades de trabalho ou escolaridade. Foi o que aconteceu com a fisioterapeuta Alessandra Vascelai, que saiu de Cascavel há 17 anos para estudar em Curitiba. ?Na minha cidade não tinha o curso que queria fazer. Então vim para Curitiba, onde fiz a graduação e acabei me estabelecendo?, disse.
De acordo com o chefe da unidade estadual do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos, esse tipo de migração interna está ficando cada vez mais acentuada e contribuindo para a criação de pólos educacionais. ?Hoje, a maioria das cidades com mais de 40 mil habitantes já tem uma faculdade. Com isso surgem pólos educacionais, como, por exemplo, em Umuarama, Toledo, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu?, comentou Santos.
A população residente no Paraná e que veio de outros estados, segundo a Pnad, chega a 17,80%. Entre os estados que o maior intercâmbio de pessoas estão Santa Catarina e São Paulo. O consultor Rafael Roberto Moskorz saiu de Florianópolis há quatro meses para trabalhar em Curitiba. Ele conta que só deixou o estado natal devido a uma oportunidade profissional. ?Se não tivesse essa oportunidade, dificilmente sairia de Santa Catarina?, disse, afirmando que aqui encontrou diversos amigos do estado vizinho que estão facilitando a sua permanência na cidade. Já o coordenador técnico Christian Eduardo Perez Diaz, deixou Santiago (Chile) há vinte anos para fugir da ditadura daquele país. Ele está em Curitiba desde 2003 e disse que encontrou aqui uma oportunidade profissional, que, na época, não teria no Chile. ?Não sei se trocaria o Chile pelo Brasil?, afirmou.
Diferentes origens no mesmo local
Da população que escolheu Curitiba e região metropolitana para viver, 18,04% é oriunda de outros estados e países. Já a grande maioria, 81,96%, é proveniente de cidades do interior do Paraná. No ranking dos estados que formam a população da Grande Curitiba, está Santa Catarina (31%), São Paulo (25,33%), Rio Grande do Sul (10,77%) e Minas Gerais (9,45%). Os moradores vindos de outros países representam 3,40% dessa população.
De acordo com o chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos, a movimentação de pessoas para a capital não é tão intensa quanto a que ocorreu a partir de 2000, quando as pessoas vieram atraídas por oportunidades de emprego nas montadoras de veículos. Porém, a taxa migratória continua alta, já que em 2000 a população de Curitiba e região era de 2,7 milhões habitantes, e hoje, segundo dados preliminares do IBGE, chega a 3,1 milhões.