Fobia de dirigir atrapalha vida nas metrópoles

O trânsito das grandes metrópoles pode ser encarado como selvagem por muitos motoristas. É significativa a parcela da população que sente algum receio em dirigir e enfrentar o trânsito maluco, com congestionamentos, atos imprudentes e desrespeito. Alguns chegam a ter fobia de dirigir. Deixam o carro na garagem e preferem andar de ônibus ou de táxi. Mas é possível deixar este medo de lado e conviver pacificamente no trânsito.  

Foi exatamente isso o que aconteceu com a psicopedagoga Janaína (nome fictício). Ela tirou a carteira de habilitação há muitos anos e dirigia normalmente. Quando se mudou de Santa Catarina para Curitiba, Janaína não tinha carro e se deslocava de ônibus pela cidade. Cinco anos mais tarde, resolveu adquirir um veículo novamente. E foi aí que o medo se manifestou. ?Eu tinha um medo enorme. Quando sabia que precisava pegar o carro no dia seguinte, na noite anterior eu já ficava com enxaqueca e uma enorme ansiedade, de tanta tensão. Apesar de saber dirigir, as minhas pernas tremiam, minhas mãos suavam. Só de pensar em dirigir, já me dava taquicardia e dores no estômago?, relata.

Esses sintomas fizeram com que Janaína deixasse o carro na garagem e andasse somente de ônibus ou táxi. Ainda pedia para o marido buscá-la em certos lugares. ?Era um sofrimento?, classifica. O medo dela era, por exemplo, deixar o carro morrer em plena Avenida Visconde de Guarapuava em horário de pico. ?Medo de ver aquele povo atrás do carro, buzinando, xingando. Eu evitava ruas com uma certa inclinação porque ficava com medo do carro voltar um pouco na hora de arrancar?, afirma.

A psicopedagoga passou por um tratamento com a psicóloga Fabiana Witthoeft Santos, com entrevistas, sessões de relaxamento, respiração e simulação de trânsito. Posteriormente, as conversas eram realizadas na garagem da casa de Janaína e, depois, dentro do carro dela. Janaína começou a manobrar o automóvel e a sair com ele. ?Hoje, uso o carro normalmente. Mas ainda não é algo prazeroso para mim. Preferiria não dirigir se tivesse condições, mas eu preciso do carro. Ainda evito alguns locais, horários de maior movimento e os congestionamentos. Acabo adaptando diversas situações. Porém, estou bem mais calma e tranqüila no trânsito?, comenta Janaína.

A psicóloga Fabiana comenta que, além dos sintomas manifestados pela psicopedagoga, o motorista com fobia do trânsito também pode sentir tonturas, enjôos e pesadelos relacionados com o tráfego. ?Normalmente, quem sofre são pessoas perfeccionistas, organizadas e que não admitem críticas. Há maior incidência em mulheres entre 30 e 45 anos. O aumento da fobia dos motoristas é diretamente proporcional ao crescimento do trânsito nas metrópoles?, explica.

O medo não é da mesma forma para todas as pessoas com este tipo de fobia. Existem pessoas que não conseguem nem chegar perto de um carro; outras começam a entrar em pânico quando aparecem situações inusitadas enquanto estão dirigindo. Alguns motoristas se apavoram com os xingamentos ou com a possibilidade de acidentes. ?As pessoas nem sabem porque sentem este medo. A maioria já pensa no pior?, comenta Fabiana. O tratamento psicológico para esses casos compreende entrevistas, traçar o histórico da pessoa, aplicar diversos testes, verificar o nível de ansiedade, trabalhar o relaxamento e a simulação mental de como é estar no trânsito. 

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