A troca do vale-transporte metálico pelo de papel e posteriormente pelo cartão magnético tem gerado uma série dúvidas entre os usuários do transporte coletivo. Uma das principais se refere à segurança. Eles temem perder o cartão-transporte ou ser assaltado, ficando sem nenhum crédito para o usar durante o mês. Mas a Urbs informa que o cartão pode ser bloqueado e o usuário terá as passagens devolvidas.
Fabiano C., 31 anos, fala que não gostou muito da mudança porque está correndo o risco de perder todas as passagens de uma vez só. “Se você perde a ficha, com certeza é só uma ou duas”, compara. Mas segundo a Urbs o cartão magnético é totalmente seguro. Ele contém o nome do usuário e o número de um documento, que pode ser a indentidade ou CPF. Em caso de extravio, o dono do cartão pode ligar para o número 156 e cancelar os créditos. A Urbs informou que está sendo ampliado o número de atendentes para dar conta da demanda. O bloqueio deve ocorrer em até 24 horas. Outro dispositivo de segurança, é a possibilidade de o usuário limitar o uso de passagens por dia. Assim, se demorar a perceber que está sem o cartão-transporte não corre o risco de perder todos os créditos.
Para adquirir outro cartão o usuário vai ter que se dirigir à Urbs. O primeiro será fornecido gratuitamente, mas para o segundo será cobrado uma taxa que ainda não foi definida. Patrícia Carloto, 22 anos, acha o mecanismo é seguro, mas não aprova o trabalho que vai ter se perder o cartão ou for roubada. “A gente sai de casa com duas ou três fichas. Se perder não tem tanto problema”, afirma.Renato Andrade, 20 anos, também acha o cartão seguro e não vê problemas na mudança. “As pessoas vão ter que ter mais responsabilidade para cuidar do cartão”, argumenta.
O chefe da Comunicação Social da Polícia Militar, major Roberson Bondaruk, acredita que o sistema traga mais segurança aos usuários e evite assaltos a ônibus. Ele diz que é comum os assaltantes migrarem para outro tipo de delito, quando começam a encontrar dificuldades. Mas ele também não descartou a possibilidade de os próprios usuários começarem a ser alvo, já que a maioria dos delinqüentes mora em áreas por onde as linhas passam.
VTs sem lastro, diz vereador
O vereador Luiz Ernesto, líder do PSDB na Câmara, suspeita que a Urbs tenha promovido o derrame de vales-tranportes sem lastro no mercado e que por isso criou o cadastro para que os usuários troquem os vales gradativamente. Para ele, a empresa não tem dinheiro para atender toda a demanda. Luiz Ernesto afirma que recebeu denúncia de um cobrador de que a empresa estaria exigindo que eles aceitassem apenas 65% da arrecadação em forma de vales e o restante em dinheiro. Ernesto diz que isso mostra que a Urbs está precisando de dinheiro. Para ele, o rombo pode ter sido cometido por ex-diretores, que hoje estão com os bens indisponíveis. Ele afirma que solicitará que a presidente da empresa vá à Câmara dar explicações sobre a troca das fichas metálicas pelo cartão magnético. “Se eu não me convencer vou sugerir que seja aberta uma CPI”, enfatiza.