Qual filho que nunca disse que queria ser exatamente igual ao pai quando crescesse? Se perguntar para seu amigo, vizinho, ou você mesmo, certamente a resposta será sim.

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Todavia, às vezes o destino traça outros caminhos para gente e a profissão exercida pelo pai deixa de ser atraente para que possamos seguir a nossa verdadeira vocação.

Porém, existem aqueles cujos caminhos acabam sendo o mesmo de seus pais, que não conseguem disfarçar a alegria em ver que suas crias seguem adiante com o trabalho.

Exemplos disto não faltam. O jovem engenheiro civil Caio Bonatto não esconde a admiração pelo pai, Alberto Bonatto Júnior, que foi a sua maior inspiração na hora de escolher a profissão.

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“Meu pai sempre será a minha maior referência. Tanto na hora de decidir pela engenharia quanto na hora de abrir minha empresa, sempre ouvi os seus conselhos”, conta. “Mesmo se não fosse engenheiro civil, nunca iria ignorar sua experiência de vida na hora de tomar uma decisão. Aprendo muito com ele, tanto em questões pessoais quanto profissionais”, afirma.

Apesar de optar em trilhar um novo caminho dentro da profissão em vez de trabalhar no seu escritório, Bonatto Júnior diz que não se frustrou com essa decisão.

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“Na verdade, fiquei muito orgulhoso em ver que ele quis caminhar com suas próprias pernas. Como pai, sempre dei toda a força necessária para ele, inclusive apoio logístico para abrir sua empresa”, conta. “Acho que isso é muito bom para o seu amadurecimento. Felizmente, vejo que o trabalho do Caio vem colhendo bons frutos e isso é um motivo a mais para ver minha satisfação como pai ser realizada”, avalia.

Tanto pai quanto filho garantem que não houve pressão na hora em optar pela engenharia civil. “Sempre deixei a escolha livre, tanto é que meu outro filho quis fazer o curso de cinema e dei total apoio para esta decisão. Fiquei surpreso quando o Caio disse que iria prestar vestibular para o mesmo curso que fiz”, lembra.

“Por outro lado, sentia que ele seria engenheiro, pois quando ele era criança gostava de ir visitar as obras comigo e também sempre falei que a engenharia é um curso em que há um grande leque de opções para se trabalhar”, confessa Bonatto Júnior. “Mesmo quando peguei uma fase em que estava me dedicando mais ao curso de gastronomia que fiz a engenharia, sempre tive o apoio dele. Entretanto, como ele mesmo disse, gostava de visitar as obras, brincar com martelo e prego, essas coisas. A engenharia civil está no sangue”, admite Caio.

Todos seguiram o mesmo caminho do pai

Anderson Tozato

Se para um pai ver que um dos filhos seguiu sua carreira já é motivo de festa, o que dizer então quando todos eles optam pela mesma profissão? Este caso curioso é da família do médico ortopedista José Schiavon. Seus quatro filhos, Marcus, Marcelo, Márcio e Marlus Schiavon, seguiram seu exemplo. A união é tanta que pai e filhos abriram em 2007 uma clínica de ortopedia em conjunto.

O pai garante que a opção pela medicina ortopédica veio deles. Ele apenas exigiu três coisas de seus filhos. “Nunca interferi na decisão deles. O que eu e minha esposa exigíamos era que eles deveriam fazer um curso superior em que eles pudessem atuar como autônomos, falar uma língua estrangeira e praticar um esporte. Como qualquer pai, queria que eles fossem melhor do que sou. Felizmente obtivemos sucesso em todos eles e o fato de optarem pela medicina e ortopedia é um motivo a mais para sentir orgulho de todos eles”, revela.

Apesar de não forçá-los a serem médicos, o pai confessa que houve uma certa influência. “Eu os levava aos hospitais quando eram menores. Algumas vezes, eles entravam no centro cirúrgico para assistir ao meu trabalho. Acredito que isso acabou entusiasmando os meus filhos”, avalia.

Ele diz ainda que &e,acute; um prazer trabalhar com os filhos na mesma clínica e, ao contrário do que poderia se supor, não há espaço para brigas familiares. “Eu tinha intenção de fazer algo nestes moldes. Felizmente conseguimos montar essa clínica há três anos. Aqui não há espaço para estresse e discussão, pois todos se dão bem e são grandes amigos”, afirma.

O filho mais novo de José Schiavon, Marlus Schiavon, diz que alguns pacientes ficam curiosos em ver que toda a família trabalha nesta área. “Sempre quando indagam esse fato, eu falo que surgiu de maneira natural, nada foi forçado. Todos nós optamos pela medicina e somos muito agradecidos pela oportunidade que nos proporcionaram. Gostamos muito da medicina e somos realizados profissionalmente. Meu pai é um exemplo tanto como ser humano quanto profissional”, garante.

Direito impregnado no DNA da família Machado

Anderson Tozato
Primeiro advogado da família se formou com 82 anos.

O Direito está impregnado no DNA da família do advogado e procurador do Estado Roberto Machado Filho. Pegando o gosto pela profissão, que começou com seu avô, Manoel José Machado, seguiu com seu pai, Roberto Machado, e agora com seu filho, Roberto Machado Neto, já são quatro gerações dos Machado em dedicação e exercício da advocacia. Machado Filho conta como tudo começou.

“Meu avô era rábula (advogado sem formação acadêmica) em Santa Catarina e meu pai sempre acompanhava suas viagens pelo interior do Estado. Isso fez com que despertasse nele a paixão pela advocacia e foi fazer o curso no Rio de Janeiro. Anos depois, todos nós nos mudamos para Curitiba. Na época, estava em dúvida entre o Direito e a Educação Física, pois era atleta. Porém, a promessa de um futuro mais promissor como advogado e o fato do meu pai já contar com um escritório grande na época pesaram na decisão”, conta.

Como curiosidade, Machado Filho revela que nesta mesma época seu avô também viera para Curitiba. Só que pelo fato de ser rábula, não poderia exercer a profissão no Paraná.

“Mesmo sendo o número 0001 da Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catarina (OAB/SC), ele estava impedido de trabalhar no Paraná devido a sua condição. Ele tinha pouco estudo neste período. Foi então que ele resolveu concluir o ensino fundamental e médio e, posteriormente, prestar vestibular para Direito.

Ele concluiu a graduação com 82 anos, pouco depois de me formar”, diz. Apesar de deixar claro no semblante que ficou feliz com a decisão de seu primogênito, Machado Filho sempre o alertou das dificuldades da profissão.

“É sempre uma felicidade ver que um filho segue nossa carreira. Mas isso só funciona se ele optar em continuar nossos passos. Meu filho mais novo preferiu ser designer e dei todo meu apoio para ele. No caso do Neto, expliquei
que, embora seja um trabalho prazeroso, a advocacia requer disciplina e muito estudo, pois as leis estão em constante renovação. Como pai e como advogado, sempre o alerto que não podemos ficar parados, pois do contrário nós perdemos clientes”.

Mesmo diante da responsabilidade de seguir com a quarta geração de advogados da sua família, Machado Neto garante que não houve pressão por parte de seu pai na hora de definir sua carreira.

“A pressão que existiu não partiu dele, mas sim das pessoas que perguntavam isso a todo instante. Ele sempre me deixou livre para decidir o que iria fazer na vida. Por coincidência, também fiquei na dúvida entre Direito e Educação Física, mas em conversas com meu pai vi que seria mais interessante continuar com o legado de nossa família. Admiro bastante a carreira dele e escuto seus conselhos, pois são 32 anos de experiência dentro do Direito”, afirma.

Arte de encenar serve para unir duas gerações

Divulgação
Pedro escolheu ser ator.,

O ditado popular “o fruto não cai longe do pé” pode ser bem aplicado no caso dos atores Hélio Barbosa (pai) e Pedro Inoue (filho). De acordo com Barbosa, ele acredita que dificilmente o filho não seguiria a carreira artística.

“O Pedro praticamente nasceu no teatro. Embora não tenha forçado sua decisão, dificilmente não teria como ser diferente, pois desde pequeno suas brincadeiras eram de encenação. Tenho um misto de orgulho e preocupação pela sua decisão, pois não é fácil ser ator freelancer. Também fico tenso quando eu o vejo no palco, mas sempre dá aquele alívio quando percebo que ele acertou a cena”, conta.

Inoue conta que admira muito a carreira do pai e que um dos momentos mais marcantes de sua vida profissional foi quando trabalhou junto com ele. “Já trabalhos juntos em shows de stand up e também fizemos um filme. Foi uma sensação maravilhosa estar junto com ele, que além de pai é meu ídolo. Por sermos artista, ele sempre me dá uns toques que são de grande valia”, garante.