Filho doa parte do fígado para salvar o pai

Em um exame de rotina, o corretor de imóveis Vilmar Pinto da Silva, 47 anos, de Maceió (AL), descobriu que estava com um tumor no fígado. Como a doença estava em estado bastante adiantado, a única alternativa era fazer um transplante, porém Silva não teria condições de entrar na longa fila de espera por um doador. A solução para o impasse veio através da possibilidade de o corretor receber o órgão de um doador vivo. O seu filho, o administrador Victor Alvin Pinto, 24 anos, foi quem acabou lhe salvando a vida.

?Quando meu filho ficou sabendo da possibilidade, disse na hora: vamos agora para o hospital?, comentou Vilmar. Mesmo sabendo de todos os riscos, Victor resolveu fazer a doação por amor ao pai, pois tinha certeza que ele não teria chances de esperar por um doador. Em julho, os dois vieram para Curitiba, e no dia 12 de agosto, ambos entraram na sala de cirurgia. O procedimento de Vilmar demorou 13 horas e o de Victor 7 horas – na cirurgia, ele retirou 60% do fígado para doar ao pai. Depois de quatro semanas, o administrador já estava com 90% do órgão regenerado, e Vilmar se recuperando do transplante. Nesta semana, os dois devem voltar a Alagoas para retomar a vida normal.

O médico que fez os procedimentos, o cirurgião de transplante de fígado dos hospitais Santa Casa e Pequeno Príncipe e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Júlio César Wiederkehr, explica que o transplante intervivos é a segunda opção para salvar a vida de pacientes quando não existe doadores cadáveres. A técnica foi introduzida no Brasil em 1989 e se tornou bastante difundida nos últimos cinco anos. Ele comenta que o transplante consiste na retirada de cerca de 50% a 60% do fígado, e, em um período de 10 semanas, o doador volta a levar uma vida normal. O fígado transplantado também sofre regeneração, e faz com que o paciente possa recuperar as funções do órgão em pouco tempo.

O fígado é único órgão que se regenera e possibilita esse tipo de transplante. Porém, a técnica é utilizada em casos excepcionais – quando o paciente não tem condições de saúde para esperar a doação de um órgão. Júlio César Wiederkehr diz que o ideal mesmo é aumentar a captação de doadores cadáveres para que mais pessoas possam sair da agonia da fila de espera.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo