Filha afirma que hospital prejudicou a mãe

“Ela entrou no hospital machucada e, agora, está doente e com sequelas permanentes”, é assim que a engenheira civil Simone Pires Octaviano, filha de criação da aposentada Joana Perini, descreveu o estado da mãe, internada no Hospital Evangélico desde o dia 18.

Há exatos dez dias, a aposentada caiu em casa e foi levada por Simone ao hospital, onde foram constatadas três fraturas: uma no braço direito e duas no ombro do mesmo lado.

Segundo a engenheira, Joana padeceu dois dias no corredor do hospital, sem receber os medicamentos de uso contínuo para epilepsia e hipertensão. “Assim que minha mãe deu entrada falei com o residente que minha mãe tomava medicamento diariamente e que eu poderia trazê-los, mas eles disseram que não era necessário e que a tratariam com a medicação recomendada pelos médicos”, recorda. “Para piorar, eles começaram a tratar minha mãe com Codex, medicamento à base de cadeína, o qual eu havia alertado que ela tinha alergia”, acrescenta Simone.

“Após sofrer uma convulsão no segundo dia de internamento, ela conseguiu uma vaga na ala de oncologia, já que a ortopedia estava lotada, mas os problemas não encerraram. Precisei fixar na porta do quarto um alerta para que ninguém mais aplicasse cadeína nela, porque eles estavam insistindo nesse absurdo”, lamenta Simone, afirmando que somente ontem o médico ortopedista Luiz Renato Brand, responsável pelo caso, resolveu procurar a família. “O único médico que nos atendeu desde a internação de minha mãe foi o residente da ortopedia, o médico nunca conversou conosco, só na manhã de hoje(ontem) que ele mandou a secretária agendar um horário para falar comigo e, mesmo assim, ele foi embora antes de eu chegar”, afirma.

A negligência com a paciente evoluiu nos dias que se seguiram. O residente explicou que as fraturas de Joana requeriam procedimento cirúrgico para colocar pinos.

No dia 21, terceiro dia de internação, a paciente conseguiu um encaixe para a cirurgia, porém, não ocorreu porque o anestesista, na sala de operação, observou uma anemia na paciente. “Ela havia perdido muito sangue com a fratura do braço, mas eles só notaram a anemia três dias depois”, diz Simone inconformada.

Joana foi submetida a uma transfusão com três bolsas de sangue e, foi informada que a cirurgia seria remarcada para terça-feira (dia 26). Fato que não ocorreu, pois durante a última terça, a paciente passou o dia em jejum para o procedimento, mas à noite recebeu a informação de que não poderia ser operada porque o hospital não tinha pinos.

“Com o nervosismo, a pressão de minha mãe subiu muito, minha mãe teve um AVC sem ser atendida e perdeu os movimentos do lado esquerdo, principalmente, do olho e da perna”, explicou Simone. “Depois de tudo isso, hoje (ontem) fui surpreendida com o aviso de que minha mãe seria liberada, aí não aguentei e fui atrás dos meus direitos”.

A assessoria de imprensa do hospital disse que em nenhum momento foi registrado alta para a paciente e explicou que a cirurgia não foi feita até agora devido a falta de condições cirúrgicas de Joana.

Quanto ao médico ortopedista Luiz Renato Brand, responsável pelo caso, o hospital diz que uma vez por semana os médicos devem visitar os pacientes e, no restante dos dias, a supervisão fica por conta dos residentes. A reportagem do O Estado tentou conversar com o médico, mas ele se recusou a dar novas explicações além das repassadas pela assessoria.

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