A principal dificuldade em conseguir a casa própria hoje é a fila. Em Curitiba e Região Metropolitana, são 42.232 pessoas na espera junto à Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). Para uns a fila é mais demorada do que para outros. Ao contrário do que seria lógico, quem chega por último pode ser atendido antes, enquanto outros esperam já há mais de quatro anos. O critério básico é a renda.
?Uma grande parte a gente está atendendo. Até quem se inscreveu no final de 2005 a gente já atendeu. No entanto, existe quem está há quatro anos e meio na fila. Estamos começando a atender os que se inscreveram em 2001?, admite Mário Nakai, gerente do Departamento Imobiliário da Cohab. Segundo ele, a parcela mais atendida é a das famílias com renda entre três e seis salários mínimos, um total de 17.517. Os que mais esperam, porém, são os têm renda inferior, de um salário e meio a três, um total de mais de 10 mil pessoas da fila.
De acordo com Nakai, hoje a fila é para dois produtos: os apartamentos (Programa de Arrendamento Residencial -PAR) construídos em parceria com a Caixa Econômica Federal – que administra o recurso do governo federal, proveniente do Fundo para Arrendamento Residencial; e os lotes produzidos pela Cohab ou em parceria com a iniciativa privada. A primeira modalidade atende às famílias com renda de três a seis salários mínimos, ou seja, de R$ 900 a R$ 1,8 mil. Já os lotes são para atender a faixa de renda entre R$ 500 e três salários mínimos.
Há uma justificativa para a diferença. ?Quem procura pelo apartamento a gente consegue atender porque esse produto é construído com ajuda de recursos federais. Já nos lotes, a quantidade de produção é bem menor do que a demanda?, explica Nakai.
Sem atendimento
Com demora ou não, quem tem renda entre um salário e meio até seis ainda é atendido. O problema é que quem tem renda inferior: um total de mais de dez mil pessoas que nem chegam a ser atendidas. ?Hoje não temos um produto que atenda a faixa de renda de um salário mínimo. Esse é o impasse. Para atender essa faixa, precisaríamos de muito subsídio. Está difícil de conseguir implementar esse produto?, afirma o gerente do Departamento Imobiliário da Cohab.
Em relação aos que têm renda superior a seis salários – a minoria – não são atendidos pela Cohab porque têm condições de conseguir um financiamento em outros órgãos.
Previsão
Para este ano, Nakai afirma que estão para ser produzidos dois mil lotes e outros 600 apartamentos no Bairro Novo e 1,9 mil na Cidade Industrial de Curitiba, Bairro Novo e Tatuquara. Márcio Fabiano Nascimento, de 34 anos, esteve ontem na Cohab para fazer a entrevista para a aquisição de um apartamento de dois quartos no Tatuquara. Faz menos de dois anos que ele se inscreveu e, no último mês de novembro, foi chamado da fila. ?Agora só falta esperar a avaliação. Estou mais aliviado, porque está no final?, conta, tranqüilo, Márcio.
Enquanto isso, na fila para conseguir um lote, José de Azevedo, 28, ainda espera. ?Fiz a inscrição em maio de 2001, logo que eu e minha esposa casamos. É ruim esperar tanto tempo. Hoje, apesar de não pagar aluguel, moro nos fundos da casa da minha mãe. Quem não quer um cantinho??, reclama.
