A Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz de Curitiba esteve lotada ontem, pela manhã, para celebração da missa especial em memória de João Paulo II. O arcebispo de Curitiba, dom Moacir José Vitti, que celebrou a missa, afirmou que a intenção da Arquidiocese era a de rezar para o descanso da alma do papa.
?Ele sempre se preocupou pelas questões sociais e queria que todos tivessem uma vida digna?, disse o arcebispo. Estiveram presentes também na celebração dom Pedro Fedalto e dom Ladislau Biernaski, padres de diversas paróquias, seminaristas e uma multidão de fiéis.
Em sua homilia, dom Moacir lembrou que João Paulo II sempre foi devoto de Nossa Senhora, ?inclusive o seu lema era ?todo teu, Maria?. Ressaltou que era simbólico rezar pela sua memória no dia em que se rememora a Anunciação de Maria – passagem bíblica em que o anjo Gabriel traz a mensagem de que ela seria mãe do filho de Deus. O arcebispo lembrou também do papel de João Paulo II nas questões políticas e sociais, além da ênfase que deu ao ecumenismo, procurando aproximar as religiões. ?Ele sempre foi fiel à sua missão, tornando-se protagonista da história atual.?
O arcebispo ressaltou a importância que o papa teve para os jovens, com a sua capacidade de atraí-los para a Igreja. Para o seminarista Leandro Trevisan, 27, o papa João Paulo II foi um exemplo em tudo na vida dos jovens no seminário. ?Ele foi o principal motivo de vocação, devemos nosso empenho a ele.? Leandro disse que o papa falava numa linguagem simples que os ajudava e os incentivava a prosseguir no caminho da fé.
Os fiéis que foram prestar homenagens ao seu líder máximo demonstravam-se muito tristes. ?Para mim, o papa não morreu?, disse Natália Piomteki, 73, cabeleireira aposentada. ?Ele continua a morar no meu coração.?
Ecumenismo
Segundo o padre Dirson Gonçalves, reitor do Santuário do Perpétuo Socorro, em Curitiba, desde sábado a igreja tem ficado muito cheia. ?Muitos têm vindo rezar pelo descanso eterno dele. A tristeza é grande, mas todos querem se despedir de alguma maneira.? Dirson afirmou que pessoas de religiões evangélicas têm se solidarizado com a morte do papa e vão rezar na igreja. ?De certa forma, a mensagem de aproximação entre as religiões vai aos poucos acontecendo. Vemos que valeu tudo o que ele fez.?
Muçulmanos realizam solenidade especial em Foz
(AE) – A segunda maior comunidade de árabes e libaneses do Brasil, em Foz do Iguaçu, está programando uma solenidade especial em agradecimento à defesa pela paz que o papa João Paulo II fez aos países do Oriente Médio. ?Ele preferia o diálogo à guerra. Foi o primeiro papa a visitar uma mesquita e levar palavras de conforto em momentos de extrema crise em nosso país?, descreveu o xeque, Taleb Jomha, de 37 anos.
Ao falar – somente em árabe – sobre a morte do maior representante da igreja católica, o representante dos mais de dez mil imigrantes e descendentes na fronteira entre o Brasil e o Paraguai colocou diversas vezes a mão espalmada sobre o próprio peito. Disse sentir o mesmo que os cristãos.
Descreveu as mudanças provocadas por João Paulo ao peregrinar pelo Egito, Síria e Líbano. ?Ele foi o primeiro a conhecer nosso sofrimento e nossa cultura.? O encontro entre as duas facções religiosas foi em Damasco, na Síria, em 2000.
Também foi a primeira vez que um papa esteve na Palestina e em Israel. ?Ele dialogava com todas as civilizações.?
Ex-aluno do papa distribui fitas de luto na capital
(AE) – Polonês radicado em Curitiba, o comerciante Tadeu Kowalec mostrava-se muito emocionado durante a missa em homenagem a João Paulo II, falecido sábado, na manhã de ontem, na catedral da capital paranaense. Ex-aluno de filosofia de Karol Wojtyla na Universidade Católica da Polônia, ele distribuiu 300 pequenas fitas pretas em sinal de luto. ?Era muito amigo da gente. Tinha um grande carisma?, disse. A casa de Kowalec está com bandeiras nas cores do Vaticano e da Polônia.
Kowalec não estava em Curitiba quando o papa visitou a cidade em 1980, mas um ano antes, ele e outros ex-alunos encontraram o papa na Polônia.
?Ele tinha uma preocupação grande com a juventude?, afirmou. ?Ele sentia que mudanças iam acontecer na Polônia e nós seríamos os responsáveis por isso. Suas orientações foram fundamentais para que as mudanças ocorressem pelo caminho certo.?
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR) dispensou os alunos das aulas de ontem e programou duas missas, uma pela manhã e outra à tarde, que contaram com a presença de estudantes e funcionários.
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