A festa em homenagem à padroeira do Paraná, Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá, tem atraído milhares de fiéis de todo o Estado. Desde sexta-feira, os devotos participam de missas e procissões, aproveitando para pedir ou agradecer graças alcançadas. Ontem, a Orquestra Sinfônica do Paraná encerrou as festividades. O público esperado era de 50 mil pessoas.
Existem duas lendas que explicam o surgimento de Nossa Senhora do Rocio. Uma delas afirma que a imagem recebeu o nome de Rocio, que significa orvalho, porque foi encontrada por um pescador nas águas da Baía de Paranaguá, em frente ao Santuário do Rocio. O nome do pescador que teria achado Nossa Senhora do Rocio era Pai Berê e sua cabana foi o primeiro santuário. Depois, uma capela foi erguida em seu louvor e todo o povoado ia ao local para rezar. A fé e a confiança em Maria, profundamente enraizada na cultura e na vida do povo, aliados ao milagres narrados, fizeram com que a devoção se espalhasse pelo litoral e interior do Paraná. A outra lenda conta que a imagem foi achada numa touceira de rosas, toda coberta de orvalho, no barranco à beira da baía.
Desde então, Nossa Senhora do Rocio tem conquistado milhares de devotos. As curitibanas Laura Ozogowski, 55 anos, e a mãe Lázara Dalgiza Soares, 70, mantêm a tradição de ir ao santuário há 30 anos. “Vamos participar da missa e da procissão. Viemos para agradecer as graças. Não é cansativo. É maravilhoso participar”, diz Laura.
Marta Fontinato, 60, acompanha as festividades há 35 anos. Diz que se tornou devota por causa do marido que já carregava a fé na santa. Ela diz que não consegue precisar quantas graças obteve, mas garante que foram muitas. Com orações e um ramo de flores, ela agradecia os pedidos atendidos.
A família Linares se deslocou de Maringá para participar da festa. “Tenho um irmão que mora aqui. A gente vem para a comemoração e aproveita para visitá-lo”, comenta Celi Carmem Linares.
Centro espiritual
O padre Charles Coury explica que a cidade é o centro espiritual do Estado, principalmente depois que o papa Paulo VI declarou que Nossa Senhora do Rocio era a padroeira do Paraná. A crença nos poderes milagrosos da santa podem ser vistos na sala dos milagres, que acumula diversas lembranças de fiéis agradecendo ou pedindo graças. São cartas, fotografias, próteses de cera e outros objetos. O padre lembra que, de 1996 até 1999, a imagem de Nossa Senhora do Rocio percorreu diversas dioceses do Estado. Isso ajudou a reavivar a fé das pessoas.
Comércio
Enquanto alguns procuram a cidade por motivos religiosos, outros aproveitam a festa para faturar um pouco. Fábio de Freitas, 34 anos, saiu de Góias para vender toalhas em Paranaguá. Disse que a festividade é muito comentada em seu estado e, por isso, resolveu arriscar. Trouxe quinhentas amostras, mas estava achando que não conseguiria vender todas. “Não vou lucrar como pensei, mas não vou levar prejuízo”, aposta.
Ozires Fernando Machado é outro que não vai conseguir lucrar muito. Há vinte anos, costuma montar uma barraquinha de carnes, mas a mercadoria tem ficado encalhada. “Tem pouca gente. Nos outros anos eu vendi mais”, reclama. Ele espera que pelo menos não fique no prejuízo. Rosicler Mari Ribeiro dos Santos, 40, por sua vez, montou uma barraquinha com pratos à base de frutos do mar e diz que o movimento está bom. “Tem que saber trabalhar”, explica.