Festa de Natal: celebração ou solidão?

Festas de Natal são, geralmente, comemoradas em família. São momentos em que os parentes se unem para celebrar o nascimento de Jesus e agradecer as graças alcançadas. Mas o que para alguns é motivo de animação, para outros torna-se o desencadeador de sentimentos de solidão e estado de depressão. As pessoas que vivem sozinhas, que estão distantes, que não possuem família ou que estão em desarmonia com ela, sofrem muito neste período por não poderem desfrutar desse verdadeiro presente de Natal.

A professora do curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Rosa Maria Marini Mariotto, mestre em psicologia clínica, explica que o Natal não é capaz de provocar depressão, mas é um elemento que desencadeia esse estado e provoca recaídas para os depressivos. De acordo com ela, as festas natalinas representam três eixos: reencontros familiares, propícios para o despertar de conflitos; as provas narcísicas, que evidenciam quem alcançou a felicidade e os que não alcançaram; e a forte conotação de nostalgia, fazendo com que as pessoas passem a reviver perdas e separações – por estarem longe dos familiares ou por não terem família. "A solidão vai se agravando porque a pessoa pensa que todo mundo está reunido e ele não. A idéia de união é diretamente proporcional à idéia de separação ou de perda", comenta.

A lembrança de pessoas queridas que já se foram e de bons momentos ocorridos no passado geram muita saudade. O padre Reginaldo Manzotti, da Paróquia São José Operário, em Pinhais, concorda que o Natal é revestido de alegria e também de certa nostalgia. "Geralmente quem vive sozinho sofre muito no Natal. Por isso essa época se tornou tão consumista. As pessoas preferem entrar na angústia de comprar presentes e não pensam nas ausências. Elas estão cada vez mais umas distantes das outras e acham que o Natal se preenche com um presente", opina.

Nesta época, a religião, qualquer que seja, serve de apoio para muitos que passam por essa situação. Para o padre, a pessoa que se sente sozinha no Natal deve superar o isolamento criando novos laços de amizade. Outra sugestão é se integrar em uma atividade que preenche o vazio interior. "Como é tempo de Natal, as pessoas devem procurar celebrar a sua fé, pois ela supera o isolamento. É um excelente antídoto contra a depressão. A solidão é o começo da morte", acredita Manzotti.

A professora Rosa comenta que, se a pessoa tem um quadro de depressão, normalmente já está em tratamento e pode ter uma recaída por ser uma época mais sensível. Para prevenir complicações futuras, a medicação pode ser reforçada neste período ou o número de sessões de psicoterapia é aumentado. Rosa alerta que, caso a pessoa perceba que estas sensações aparecem perto do Natal, é necessário procurar ajuda. Se o atingido não for tratado, a tendência é o sentimento de solidão se intensificar e surgir em qualquer tipo de festejo em que a família se reúne, como festas de aniversário.

FAS promove ceia e troca de presentes

Crianças, adolescentes e adultos que estão abrigados nas unidades da Fundação de Ação Social (FAS), da Prefeitura Municipal de Curitiba, vão participar de uma ceia e troca de presentes na noite de Natal. O coordenador de Medidas Protetivas e Sócioeducativas do órgão, Adriano Guzzoni, revela que as atividades são programadas para deixar o Natal dessas pessoas mais alegre. Este ano, todos receberão presentes, que foram doados pelo Instituto Pró-Cidadania. Quatrocentas pessoas, que estão nas unidades oficiais da Prefeitura, serão beneficiadas com a programação.

Para quem está sozinho no Natal e quer comemorar a data com outras pessoas, a Paróquia Nossa Senhora das Mercês, mais conhecida como Paróquia dos Freis Capuchinhos, promove uma ceia e outras atividades na noite de Natal. "A idéia surgiu há três anos, como uma solução para as grandes cidades, onde as pessoas ficam mais longe da família ou se isolam por causa da violência e da depressão", observa o frei Alvadi Pedro Marmentini.

O interessado deve se inscrever na paróquia para que os organizadores possam fazer o planejamento para a noite, principalmente quanto à comida. Quem tiver condições pode levar um prato para dividir entre os presentes. A ceia é feita com doações à igreja e acontece depois da missa das 20h. O frei comenta que são realizadas orações com os participantes, que também conversam sobre a situação de cada um. "Queremos que eles criem laços afetivos. E há uma conseqüência gratificante nisso, pois algumas pessoas vieram participar da comunidade depois da noite de Natal", afirma Marmentini. A expectativa é reunir mais de 100 pessoas na data. Mais informações pelo telefone (41) 335-5752 ou na Avenida Manoel Ribas, 966. (JC)

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