A concessionária Ferropar – empresa responsável pela operacionalização e manutenção da Ferroeste (ferrovia que liga Cascavel a Guarapuava) – é incapaz tecnicamente e operacionalmente de prestar serviço público de transportes ferroviário de cargas. A conclusão foi feita pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em relatório de inspeção técnico-operacional encaminhado a diretoria da Ferroeste.
As análises dos técnicos da ANTT apontam que a Ferropar, que administra 248 km de ferrovias, utilizando exclusivamente sua frota, está transportando menos de 6% do volume total escoado pela ferrovia. Motivo: falta de locomotivas e vagões.
Outro ponto questionado é a falta de Aparelhos de Mudança de Via (AMV) elétricos ou de mola ao longo dos 248 km da ferrovia, o que acarreta a diminuição da velocidade dos trens comerciais e resulta no aumento do tempo da viagem.
Ainda com relação a linha férrea, o relatório classifica medidas de manutenção da via como ?canibalismo da via?. ?Devido a um descarrilamento ocorrido em 2004, os dormentes de concreto danificados foram substituídos por dormentes de madeira retirados da linha de cruzamento, evidenciando canibalismo da via permanente?, apontou a ANTT.
A substituição de dormentes pode ser observada também no ramal de calcário da empresa. No local, os técnicos verificaram a falta de diversos componentes metálicos e até dormentes especiais. ?Provavelmente este material está sendo usado para a reposição de componentes danificados na linha principal da Ferropar?, aponta o estudo.
Os técnicos da Agência reforçaram as constatações feitas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), no início de março, com relação ao processo erosivo encontrado no pátio da empresa em Cascavel.