Fernanda Montenegro volta ao passado

Assim que pisou pela primeira vez nos cenários de Hoje é dia de Maria, Fernanda Montenegro voltou ao passado. Diante da imensa cúpula montada para as gravações da microssérie que abre as comemorações pelos 40 anos da Rede Globo, nos estúdios da Rede Globo, no Rio, a atriz se emocionou ao recordar os dias que passava ao lado de sua avó.

– Sou do início do século passado, de um tempo em que não existia televisão e poucos tinham rádio. Tive uma avó maravilhosa, que contava suas histórias diretamente olhando nos olhos da sua neta, não era lendo ou colocando disquinho. Ela me contava aquelas dez histórias que sabia de cor e eu pedia para ela contar tudo de novo, sempre – relembra Fernanda, que na produção dirigida por Luiz Fernando Carvalho, com estréia no dia 11 de janeiro, interpretará a Madrasta má.

Foram as mesmas histórias que permearam a infância da atriz que acabaram se tornando a base para a construção de sua personagem, a Madrasta.

– Através dessas histórias eu percebi que, por mais que a Madrasta seja má, por mais que o João e a Maria fiquem na gaiola mostrando o dedinho com medo da bruxa, o herói vai sair vitorioso. Na hora que a avó da gente conta que o mal vai ser vencido, a gente sabe que vai ter força para caminhar e sobreviver. E um dia vamos chegar no bonito da vida. Afinal, a gente quer ver que a vida dá certo – filosofa.

Fernanda acredita que a microssérie tem um papel fundamental no resgate da simplicidade, em tempos nos quais a correria do cotidiano não permite sentimentos definidos por ela como "profundos e sinceros".

– Nunca é demais você ter uma referência de onde você vem. Tem um ditado africano que gosto muito e diz o seguinte: "Quando você não sabe para onde você vai, se lembre de onde você veio". A simplicidade de ser é o que falta nessa vida contemporânea que joga a gente por muitos descaminhos. E, se tentamos voltar para essa pureza da infância, aprendemos que o pensamento tido como romântico de que o bem vai sempre vencer é uma utopia em que devemos acreditar – coloca a atriz.

Longe da televisão desde Esperança, a atriz que ostenta o título de grande dama do teatro está satisfeita com o seu retorno. Talvez pelo fato de Hoje é dia de ser um projeto experimental e que se utilize de uma linguagem muito próxima à dos palcos.

– De vez em quando eu faço TV, mas sou uma mulher de teatro. E agora o cinema me pegou muito também. A explicação é a seguinte: às vezes a gente não tem tempo na agenda de se dedicar ao que se chama televisão, que é a novela em que você fica ali disponível durante um ano. É totalmente diferente de estar dentro deste mundo, num tema proposto com tanta delicadeza pelo Luiz Fernando (diretor). É como estar em casa, já que neste trabalho estamos profundamente ligados ao teatro. É ele que nos suporta até hoje.

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