Férias viram sinônimo de abandono de animais

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O destino dos animais no
canil municipal é incerto.

Basta chegar o período de férias que aumenta nas ruas o número de cachorros abandonados. Em dias normais, o Canil Municipal de Curitiba recolhe cerca de 40 cães. Em dezembro e janeiro, esse número aumenta em 30%. O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de Curitiba, Eric Koblitz, explica que isso acontece porque as pessoas vão viajar e não têm com quem deixar os bichinhos. A situação preocupa porque, além de maltratar os cãozinhos, eles podem ficar doentes e transmitir uma série de doenças.

Em dezembro o trabalho no canil municipal aumenta sensivelmente. Muita gente que quer viajar só pensa em se "livrar" do animal. Alguns abandonam nas ruas e outros entregam no próprio canil. Durante o ano, de vez em quando, aparece alguém para deixar o animal. Mas nas férias o número chega a cinco por dia. Eric conta que as desculpas são as mais variadas. "Alguns dizem que estão mudando de casa para um apartamento e outros que vão mudar de cidade. Mas estão apenas saindo de férias", revela.

No canil, o destino dos bichos é incerto. Ficam durante três dias à disposição do proprietário e depois podem ser adotados. À medida que o canil, com capacidade para 200 animais, lota, eles vão sendo sacrificados em uma câmara de gás. São escolhidos os mais doentes e debilitados. Segundo Eric, o procedimento é aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Os animais são apreendidos com base nas reclamações dos moradores. Os que ficam perambulando pelas ruas passam fome, frio e sede. Ficam doentes e correm o risco de ser atropelados. Nos bairros da periferia o problema é maior. No centro da cidade existem alguns cães, mas logo são atropelados.

O integrante da ONG Clube das Pulgas, César Valeixo, conta que o problema também se repete no litoral. "Depois do Carnaval é muito grande o número de animais nas ruas", fala.

Ele explica que abandonar o cão não provoca só sofrimento para o animal. Também traz uma série de doenças para as pessoas. Entre elas a raiva, que se não for tratada a tempo não tem cura. Segundo dados do Centro de Controle de Zoonoses, no ano passado foram registradas cerca de 8 mil agressões a pessoas e boa parte feita por cães de rua.

Valeixo comenta que as pessoas abandonam os animais porque compram por impulso. Se esquecem de que o bicho vive até 20 anos, fica doente, faz sujeira, precisa de atenção e vai ter que passar as férias junto com a família. O canil municipal e a ONG têm feito campanhas para incentivar a posse responsável. Mas o problema ainda é grande. A OMS calcula que existem em Curitiba 240 mil cães, sendo que 90 mil estão nas ruas.

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