Fenata continua com bons espetáculos

Ponta Grossa – Três espetáculos marcam a programação de domingo do 32.º Fenata, que também ganha espaço em Castro, com a apresentação do grupo ponta-grossense “É Hora de Fazer Arte”, encenando “Inocência Donzela da Silva: Uma História de Amor aos Trancos e Barrancos” (Teatro Bento Mossurunga, 17h), dentro da “Mostra Paralela” do festival. Na continuidade da mostra competitiva, categoria adulto, o público poderá assistir a uma nova versão da tragédia grega “Medéia”, de Eurípedes, marcando a presença da “Téspis Cia. de Teatro” (Itajaí-SC), na sessão das 21h (Auditório da Reitoria da UEPG, Campus Central, Praça Santos Andrade s/n.º).

Com apresentação no Parque Ambiental (14h), o programa do Fenata “abre alas” para a primeira encenação na categoria “espetáculo de rua”, apresentando a trupe paulistana da Cia. Vate Katarse, em Birosca Bral, peça escrita e dirigida por Tiche Vianna. O Festival Nacional de Teatro (Fenata), um dos mais importantes pontos de encontro entre fazedores de cultura de todo o país, conta em sua edição deste ano com a participação de grupos teatrais procedentes de seis estados brasileiros, sob a chancela do Ministério da Cultura (Lei de Incentivo à Cultura), Supermercados Tozetto, Rodonorte e Metalgráfica Iguaçu. Em parceria com o Colégio Marista Pio XII e Sesc-Ponta Grossa, a tradicional promoção da UEPG / Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex) Divisão de Assuntos Culturais (Dac) tem apoios da Fundação Teatro Guaíra / Programa Paranização, Governo do Paraná, Fundação Cultural Ponta Grossa e Viação Campos Gerais.

Versão monólogo

Originalmente escrita por Eurípedes (485 a.C. 406 a.C.), “Medéia” chega ao palco em versão trabalhada como um monólogo pela “Téspis Cia. de Teatro” (Itajaí-SC), com destaque para a atriz Denise da Luz em situações de tensão emocional violenta. Com adaptação e direção de Max Reinert, a tônica do espetáculo é o amor transformado em ódio sobre-humano, que evolui de uma “Medéia” abatida pelo repúdio do marido, esposa traída que definha no leito, aparentemente conformada com a sorte, para uma mulher animada por um terrível desejo de vingança e extermínio. Ela não se detém diante do infanticídio, para aniquilar completamente o marido.

“Medéia” conta a história da “feiticeira” grega que, apaixonada por Jasão, ajuda-o a encontrar um “velocino” (carneiro mitológico) de ouro. Ele apaixona-se, mais tarde, pela filha do rei de Corinto e abandona Medéia, que, inconformada, estrangula os filhos que tivera com Jasão, presenteando a rival com um manto mágico que se incendeia ao ser vestido, matando-a. Nessa adaptação, os dois filhos de Medéia são representados por um boneco, enquanto o coro aparece como um personagem, questionando os atos de Medéia com uma voz em off. Essa tragédia grega já inspirou as peças de Corneille e Jean Anouilh, a ópera de Cherubini e, no século 20, um filme de Píer Paolo Pasolini estrelado por Maria Callas. No Brasil, a inspiração no tema resultou na montagem de “Gota d’água”, de Paulo Pontes e Chico Buarque de Holanda. (Duração: 50 min).

Birosca Bral

Espetáculo popular urbano, “Birosca Bral” é uma fábula que abre temas contundentes a toda população carente de dignidade, com o intuito de produzir o debate crítico de questões cruciais da sociedade. “Através da “Commedia Dell’Arte e de elementos do hip-hop, criamos um espetáculo jovem e alegre que, apesar da dureza de seu conteúdo retirado da periferia de São Paulo, fortalece a procura incessante de todos os que buscam seu direito à própria existência”, esclarece a diretora Tiche Vianna, também autora da montagem.

A história de “Birosca Bral” concentra sua ação a partir da inauguração do “Bar do Cabral’, quando o velho Cabral quase tem um infarto ao ver que seu bar está todo pichado. Irritado e frustrado, ele acusa Datinta, grafiteiro do bairro, de ser o autor desse “crime” e o proíbe de aparecer pelas redondezas, para desespero de sua filha Celeste, apaixonada por ele. Nesse mesmo dia, surge no bairro Armando Traíra, figura estranha que oferece seus préstimos a Cabral, que, apesar de assustado, aceita com prazer a ajuda oferecida. Traíra se estabelece na região e interfere na vida de todos os moradores.

Segunda no Fenata

Com texto do polêmico e intrigante escritor francês Jean Genet, datado de 1946, a Cia. Retalhos de Teatro (Santa Maria-RS) exibe-se com “As Criadas” (segunda-feira, dia 8, Auditório da Reitoria, sessão às 21h), montagem adaptada e dirigida por Julieno Vasconcellos. A peça relata a história macabra das irmãs Clara (Vagner Vargas) e Solange (Helquer Paez), que trabalham como domésticas na casa de Madame (Antonio Carlos Brunet), patroa boa, humilde, amada e, ao mesmo tempo, invejada por ambas, e daí seu envolvimento num ritual para assassiná-la, ao longo da ação do espetáculo.

Quando a patroa sai, elas encenam como pretendem matá-la e, no momento que entenderem como o certo, colocam o plano em prática. Isso tudo aos olhos da Virgem Santíssima. As criadas de Genet são religiosas, assim como a patroa e a sociedade que serve de esporro de “As Criadas”, peça que mostra o lado mais hipócrita da relação patrão-empregado, reservando fagulhas ácidas aos dogmas da Igreja Católica. “Trata-se de uma crítica à própria Igreja e àquelas carolas que são tão podres como qualquer ser humano”, adianta Vasconcellos, que deixa de levar ao palco muito pouco do texto original do francês, cuja exigência inclusive foi a de que homens interpretassem as personagens femininas, apontando sua metralhadora de críticas ao machismo de sua época.

O Pequeno Mozart

Com montagem pela “Companhia Mambembe de Presepadas e Prosopopéias” (Rio de Janeiro-RJ), O Pequeno Mozart (amanhã, dia 8, Teatro Marista, sessão às 14h, entrada franca) conta as aventuras do compositor prodígio Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), aos nove anos de idade, colocando personagens da ópera “A Flauta Mágica” e a história do libreto, como se este tivesse se originado a partir de um sonho de Mozart, ainda menino. Em companhia de Papagueno, um dos principais personagens de “A Flauta”, o pequeno garoto parte, em sonho, numa aventura em busca da “flauta mágica”. Para conquistá-la, ele enfrenta Monóstatos e os testes de Sarastro, ao mesmo tempo em que, na vida real, prepara-se para ser apresentado ao rei da corte de Viena, na companhia de seu pai, Leopold Mozart.

Numa mistura de sonho e realidade, a peça escrita por Celso Taddei (Rede Globo), sob a direção de Hiran Costa Júnior, apresenta a trajetória do compositor austríaco, que, desde garoto, encantava as cortes européias. De forma divertida e emocionante, as crianças e seus acompanhantes têm a oportunidade de conhecer um pouco mais da vida desse genial compositor clássico, que marcou a história da música universal, especialmente com a sua ópera mais famosa, A Flauta Mágica.

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