Uma coleção de 25 mil discos de vinil dos mais variados gêneros musicais é apenas uma amostra da paixão do eletrotécnico Gilberto Moreira, de 40 anos, pelos antigos discos. O “viciado em música”, como se autodefine, orgulha-se de ainda manter exemplares das 26 fases do disco. Desde a fabricação do material de uma face, passando pelo disco de 10 a 12 polegadas, hi-fi, quadrifórmio, disco de nylon, de teflon, entre outros.
A curiosidade pelos discos foi despertada pelo pai, João Rodrigues, quando ainda era criança. Trabalhando na manutenção dos equipamentos de uma rádio, e convivendo com música diariamente, o pai de Gilberto conseguiu passar adiante o gosto pela música por meio dos discos de vinil. Daí por diante, o colecionador só foi aumentando seus exemplares. “Apesar do crescimento da tecnologia e dos CDs, a qualidade dos discos continua impressionando. Na verdade é mágico. Desde a colocação na radiola aos pequenos ruídos, é um ritual que hoje não se vê com freqüência”, explica.
Gilberto não perde uma feira de exposição dessas relíquias em qualquer cidade do País. Ele conta que vai a São Paulo sempre que acontece algum evento. Ontem, em Curitiba, Gilberto era um dos mais animados na Feira do Colecionador de CD, Vinil, Livros e Vídeo, realizada no centro da capital e que virou ponto de encontro de admiradores desses produtos. Pessoas das mais variadas idades compareceram na sexta edição da feira realizada na capital paranaense.
A feira ocorre pelo menos três vezes ao ano. A cada edição, o público vem aumentando. Inicialmente, o evento era somente organizado em São Paulo, mas desde 2001 a capital paranaense abre espaço para os amantes dos discos. Este ano, o evento já foi realizado em maio e setembro, em locais diferentes. Segundo um dos responsáveis pela feira, Jardel Simões, de 29 anos, com a divulgação a presença de público cresce rapidamente. Ele explica que, em São Paulo, o movimento no evento é enorme porque lá a feira já está no décimo quarto ano, e acredita que esse é o caminho que os expositores de Curitiba estão tomando. “A tendência é evoluir a cada edição, progressivamente. O público existe, mas não sabia até pouco tempo que a feira era realizada”, disse.
Para expor algum material, pessoas que levarem um mínimo de dez itens para venda ou troca, é cobrada uma taxa de R$ 25. A entrada no evento é gratuita e os visitantes que quiserem podem doar um quilo de alimento não-perecível que, posteriormente, será entregue ao Pequeno Cotolengo.
Roubando a cena
Os discos de vinil roubam a cena e conquistam os admiradores. Assim como Gilberto, Eliza Damato, estudante de 24 anos, é uma apreciadora dos discos. Ainda possui uma radiola em casa. Ela passa horas escutando relíquias do rock dos anos 60, como os Beatles. Apesar de jovem, ela conta que pegou a fase final dos vinis nas lojas. “Me lembro, sim. Quando adolescente, conseguia encontrar alguns discos. Mas anos depois, os CDs tomaram conta do mercado e ficou mais complicado”, afirmou. No entanto, com o crescimento da feira, destaca ela, fica mais fácil encontrar bons e velhos discos. “A cada ano, percebe-se que o movimento está melhor e a estrutura também está crescendo”, completou.