Fechar ou não fechar os bares às 23h? Eis a questão. A discussão se arrasta desde 2002 e parece ainda estar longe de uma definição. De um lado os movimentos sociais mostram números sobre o problema e apontam que 65% das mortes ocorrem após as 23h, nas imediações dos estabelecimentos. Mas do outro lado está quem é contra a idéia porque depende da atividade para viver.
A discussão sobre o problema vem mobilizando vários segmentos sociais e é organizada pelo Comitê de Segurança e Ordem Pública do Movimento Pró-Paraná. O coordenador, José Augusto Soavinski, fala que muitos bares estão fomentando a violência com a venda de bebida alcoólica. Ele comenta que dados da polícia revelaram que de 2.720 mortes, 1.720 ocorreram a cem metros desse tipo de estabelecimento, quase sempre motivadas pelo álcool.
No entanto, Soavinski sabe que não é possível tratar todos os bares e casas noturnas da mesma maneira, criando uma lei que obrigue todos a fechar as portas após um determinado horário. Ele explica que a proposta discutida prevê o tratamento diferenciado. Só teriam que fechar as portas os bares que apresentassem problemas, principalmente os que ficam nos bairros mais afastados. Os outros, que não possuem um histórico de violência, continuariam funcionando normalmente.
Mas os donos de bares discordam de alguns pontos da proposta. Para o integrante da diretoria do Conselho de Segurança do Batel, Fabrício de Macedo, a lei ?cheira? um pouco a discriminação. ?Porque alguém pode deixar o seu estabelecimento aberto e o outro tem que fechar as portas. O proprietário da periferia paga seus impostos como os outros aqui do centro?, questiona. Ele acha que, se a idéia for aprovada dessa maneira, vai gerar muitos problemas no futuro. Para Fabrício, uma das formas de resolver isto seria a criação de um sistema de pontuação semelhante ao da Carteira Nacional de Habilitação. ?Conforme o número de problemas que ocorrem no estabelecimento, ele seria penalizado com multas, teria que fechar as portas mais cedo ou definitivamente. Obrigaria o proprietário a tomar medidas de segurança?, argumenta.
No entanto, Fabrício ressalta que as mudanças podem se tornar apenas um paliativo, já que a situação social é que gera o problema. ?Muitos bebem porque não têm trabalho, dinheiro e comida?, opina.
Fiscalização
Outra bandeira levantada pelo comitê de segurança é a fiscalização. Grande parte dos bairros da periferia não tem alvará de funcionamento. ?Eles precisam ser fechados?, afirma Soavinski. Ele também quer que o projeto seja levado para a pauta na Câmara Municipal de Curitiba, para fomentar a discussão com a sociedade. Explica que uma pesquisa revelou que 73% da população quer que os bares fechem suas portas às 23h.