Ponta Grossa – O manejo correto do rebanho leiteiro representa produtividade, qualidade e lucros para o produtor. A partir dessa filosofia, a Fazenda Escola Capão da Onça, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), estabelece padrões de produção no seu setor de leiteria que lhe valeram, pelo segundo ano consecutivo, a obtenção do certificado de qualidade expedido pela Cooperativa Agropecuária Batavo, de Carambeí. Em 2002 e 2003, a Fazenda Escola da UEPG figura entre os fornecedores da cooperativa que mantiveram padrões acima da média em quesitos como a teor de gordura, proteínas e sanidade do animal, acima das médias estabelecidas pela Instrução Normativa nº 51/2002, do Ministério da Agricultura. No ano passado, de um total de 180 fornecedores, 60 receberam essa certificação.
Izaltino Cordeiro dos Santos, gerente de Pecuária da Fazenda Escola, assegura que essa certificação de qualidade se deve em grande parte ao manejo adequado do rebanho leiteiro da UEPG, hoje com 70 animais da raça holandesa preta-e-branca. “Apesar da rusticidade de nossas instalações, que ainda dependem do trabalho manual, temos conseguido manter níveis de qualidade que superam a média dos fornecedores da Batavo??, comenta o responsável pela leiteria, embasado em índices expedidos mensalmente pelo “pool de comercialização do leite??, chamado de “mapa do leite??, que engloba os fornecedores da Batavo e também da Castrolanda, totalizando cerca de 400 produtores.
Em agosto último, segundo o “mapa do leite??, o produto fornecido pela Fazenda Escola da UEPG apresentou 3.43% de teor de proteína, acima da média dos fornecedores, que ficou em 3.15%. O mesmo acontece no quesito teor de gordura, com a UEPG mantendo um índice de 3.87%, contra uma média de 3,.59%. Porém, é no item contagem de células somáticas (CCS), atestado da sanidade do animal, que a questão do manejo vai se mostrar mais eficiente. Nesse parâmetro, a Fazenda Escola mantém números bem abaixo da média, inclusive internacional. No último mapa expedido pelo “pool de comercialização??, o leite da UEPG aparece com 178,33 mil células por ml, contra 341,90 mil/ml.
Izaltino dos Santos considera o fator sanidade como o mais importante entre as médias apresentadas pela Fazenda Escola, uma vez que a produtividade e o lucro de uma propriedade estão ligados diretamente à saúde do rebanho. Ele explica que, de acordo com o Conselho Nacional da Mastite (NMC), dos Estados Unidos, num parâmetro de até 200 mil células somáticas por ml de leite, o produtor não terá perdas significativas.
No controle da mastite, o manejo adquire importância ainda maior, diz Izaltino, ao explicar que a doença se manifesta na forma clínica, que pode ser detectada visualmente em testes feitos antes da ordenha, e a subclínica, que só aparece em exames com reagentes, mas que pode ser percebida a partir do comportamento dos animais. “Nesses casos, a vaca geralmente fica bastante irritada pelo desconforto gerado pela dor e não for tratado adequadamente esse problema pode comprometer todo o rebanho?? afirma. Na Fazenda Escola, além da desinfeção diária das instalações e equipamentos, a ordenha obedece a uma ordem. “Primeiro são ordenhadas as vacas sadias e depois aquelas que apresentam qualquer tipo de problema.”
Manejo
Na questão do manejo, Izaltino destaca que as vacas em produção devem ser tratadas e ordenhadas duas vezes ao dia. As novilhas precisam de tratamento em separado, sendo preparadas para a inseminação com idade entre 12 e 13 meses, com parto previsto para o 22º ou 23º mês. Esse é um aspecto bastante importante, diz Izaltino, explicando que normalmente a inseminação ocorre aos 18 meses, com parto no 26º e 27º mês de gestação. Com a precocidade na inseminação, o produtor ganha meia lactação (período que dura 10 meses), explora o potencial máximo de seu rebanho e terá uma lucratividade acima da média.
Outro fator fundamental está na formação do rebanho. Nesse ponto, Izaltino ressalta o cuidado na seleção dos animais para acasalamento (inseminação). “Aqui fazemos uma análise detalhada das características dos animais, de acordo com a conformação desejada para a melhoria da produção??. São levados em conta fatores como estrutura do animal e temperamento leiteiro, sempre atendendo para fato de se evitar a consanguinidade dos animais.
Deve-se ainda regular o descarte dos animais. Aqueles com problemas no sistema mamário, de aprumos e reprodutivo devem ser descartados do rebanho. No caso da Fazenda Escola, as vacas com baixo potencial produtivo são comercializadas, com preferência para pequenos produtores da região. “Isso é importante para que não exceda o limite de manejo da propriedade, inviabilizando a produtividade e qualidade”, afirma o gerente da fazenda.
“O plantel deve ter uma estabilidade??, e no caso da Fazenda Escola, esse índice gira em torno de 25 a 30 vacas em período de lactação, com reposição anual de 5%. A produção média por animal é de 22 a 25 litros por ordenha??, completa Izaltino.
