Sem resistência, os cerca de 150 integrantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) deixaram ontem a Fazenda Itaverá, localizada no município de Alvorada do Sul, região norte do Paraná, após serem avisados sobre o cumprimento da reintegração de posse obtido pelos proprietários. A área, pertencente à Usina Central do Paraná S.A., com sede em Porecatu, estava ocupada pela há dez dias.

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A ação foi realizada por 300 policias militares do 15.º Batalhão de Rolândia e ocorreu com tranqüilidade, de acordo com o capitão Jota Carlos de Oliveira. “O efeito surpresa contou bastante para o sucesso da operação, que começou por volta das 6h e terminou às 14h. Não houve confronto nem resistência”, contou.

A polícia teve o apoio da Usina para fazer o transporte com ônibus e caminhões das famílias da Contag, que foram encaminhadas para regiões como Londrina e Cambé.

Bem diferente foi a chegada das famílias à fazenda, há cerca de dez dias. Boa parte da produção de cana-de-açúcar foi queimada e os moradores da fazenda foram expulsos de suas casas.

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Ainda segundo Oliveira, foram verificados crimes ambientais cometidos pelos membros do Contag. “Eles vão responder por atingir áreas de mananciais e de preservação ambiental”, afirma.

A reportagem de O Estado tentou entrar em contato com os responsáveis pela Usina Central, mas obteve a resposta de que todos estão em férias coletivas até o dia 5 de janeiro.

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Porecatu

Outra área da Usina Central, em Porecatu, permanece ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A Fazenda Variante está com 250 famílias do movimento desde o início de novembro.

Para o MST, a motivação para ocupar a Variante foi a ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT) no mês de agosto, que flagrou a utilização de mão-de-obra análoga a de escravos no local.

Embora a Usina já tenha obtido na Justiça uma liminar para a reintegração de posse, a ação ainda não foi cumprida. Segundo José Damasceno, da coordenação estadual do MST, os advogados do movimento estão contestando judicialmente a reintegração. “A área não estava cumprindo sua função social”, critica.