Faxinais pedem políticas públicas específicas

A inexistência de políticas públicas específicas vem contribuindo com o desaparecimento dos faxinais – pequenos povoados rurais com atividade silvo-pastoril em áreas comuns -, considerados comunidades tradicionais do Brasil, predominantes na região Sul. Há cerca de dez anos, havia no Paraná 150 comunidades de faxinais. Hoje, existem apenas 50, que congregam 3,5 mil famílias em cerca de 26 mil hectares de terra.

Segundo um dos coordenadores da Articulação Puxirão (união de todos os faxinais), Hamilton José da Silva, a principal ameaça à cultura e ao modo de vida dos povos de faxinais é o agronegócio. Ontem, o assunto foi tema de uma audiência pública realizada na Assembléia Legislativa (AL) do Paraná, em Curitiba. Na ocasião, a Articulação divulgou a cartografia dos faxinais e um dossiê com denúncias envolvendo os conflitos com o agronegócio no que se refere à preservação das fontes naturais das regiões dos faxinais e ameaças feitas por fazendeiros. ?O agronegócio vem invadindo nossas terras, transformando nossas plantações em monoculturas e assassinando nossas tradições. Os adeptos da alta tecnologia agrícola têm pressionado os faxinalenses e os obrigado a sair dos faxinais através de ameaças, perseguições e pistolagem. Fora das comunidades, os povos perdem seu modo de viver e acabam indo para as periferias das grandes cidades, se transformando em mão-de-obra barata e enfrentando uma série de dificuldades?, afirma.

Os povos dos faxinais criam animais e plantam para a própria subsistência. Apenas o excedente é comercializado. No que diz respeito à preservação ambiental, Hamilton explica que os faxinalenses desenvolvem todas as suas atividades em sintonia com a natureza, sem poluir. ?Muitos grupos ligados às comunidades se dedicam, por exemplo, à agroecologia. Já o agronegócio tem ocasionado o envenenamento das águas, a destruição de fontes naturais e o desmatamento das nascentes, em total desrespeito ao meio ambiente.?

Para combater os problemas, os faxinalenses pedem a regularização fundiária das terras de faxinais ainda existentes, sendo que muitas não têm documentação; reconhecimento jurídico-formal das comunidades e de suas práticas, e a criação de políticas públicas específicas que os beneficiem. ?Atualmente, os faxinalenses são encaixados de maneira genérica nas políticas públicas. A existência de políticas específicas é fundamental para a sobrevivência dos povos?, declara o assessor da Articulação Puxirão do Instituto Equipe, do município de Irati, Roberto Martins de Souza. 

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