A região da Favela do Valetão hoje conta com mais de 1.500 famílias, que foram, ao longo dos últimos 20 anos, tomando toda a margem do Córrego Vila Guairá. São barracos construídos com madeira, sem qualquer sinal de saneamento básico. A energia elétrica chega, mas é visível nos postes da região a existência de centenas de “gatos’.
No Beco do Bazani, batizado assim em homenagem à primeira família que se instalou no local, a situação é bem complicada. Os barracos ficam a poucos metros do córrego e a erosão, causada pela força da água, está destruindo a ruela. “Em dias de chuva forte a água invade as casas e fica uma sujeira enorme. Além disso, o asfalto da nossa rua está sendo destruído, e pelo andar da carruagem logo nossas casas vão cair aqui”, diz Odelar de Lima, 64 anos e morador da região há mais de 50. “Antes esse córrego era apenas um fio de água. Hoje todo mundo joga o que quer no rio e virou isso aí. Mau cheiro e risco pra nós, moradores”, completa.
A situação das casas também é alvo de reclamações dos moradores do Beco do Bazani. Segundo Odelar, desde que chegou para morar no local, a Companhia de Habitação (Cohab) promete a regularização das moradias. “Aqui quase tudo é ocupação e sempre escutamos promessas. Pessoal da Cohab vem aqui, conversa com a gente, mas até hoje nada aconteceu. Tem que esperar, né?” diz dona Maria do Rosário, 56 anos, moradora do local há 16 anos.
Esquecidos
O sentimento entre os moradores da Favela do Valetão é de esquecimento. “Às vezes pensamos se o governo lembra da gente. Estamos aqui há tempo e nada foi feito. As promessas são muitas, mas nada acontece”, afirma a catadora de papel Augustina Silva, 45 anos.
O local não conta com associação de moradores e a representatividade junto à prefeitura é praticamente nula. Além disso, nenhum vereador representa o bairro ou vai ao local para acompanhar as necessidades da região. “Só vem gente aqui pra saber da nossa situação quando tem eleição. Esse ano acho que vamos receber mais visitas”, brinca Odelar.
Promessa
De acordo com a Prefeitura de Curitiba, a área faz parte do plano de urbanização e reassentamento da Vila Parolin e as famílias que residem na Favela do Valetão serão reassentadas. Ainda segundo a administração municipal, a intervenção no local, que está em andamento, inclui 1.546 famílias – 716 para reassentamento, das quais 336 já foram atendidas, e 830 no processo de urbanização.