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FAS lança campanha para evitar abusos no Carnaval

Com a chegada do Carnaval, se intensifica a preocupação com o aumento dos casos de abuso e exploração sexual de crianças (até 8 anos) e adolescentes (12 a 18). Dados da FAS mostram que no ano passado foram registradas 3,7 mil notificações com suspeitas de violência nesta faixa etária. O combate ao problema, que acontece o ano todo, terá atenção especial a partir de hoje, quando a Fundação de Ação Social (FAS) lança campanha de enfrentamento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Vila Sandra, na CIC, e que se estenderá às nove regionais da cidade.

Com o tema “Carnaval é diversão. Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes é crime. Faça parte do bloco do bem. Denuncie”, a campanha pretende alertar a população para o problema, destacar os sinais apresentados pelas vítimas e estimular a denúncia. Hoje serão distribuídos materiais informativos na região. “Nosso foco é a prevenção. Já temos trabalho bem efetivo nos encaminhamentos e os pais precisam estar atentos. Nesta época do ano muitas pessoas de fora visitam a cidade e temos que intensificar a prevenção”, ressalta o diretor de Proteção Social Especial da FAS, Antônio Carlos Rocha.

Ações integradas

Curitiba está entre as cidades integrantes do Pacto para o Enfrentamento do Abuso, Exploração Sexual e Tráfico de Crianças e Adolescentes (Pair), programa nacional com ações integradas, e tem Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) só para atender vítimas de violência sexual.

Mas o pesquisador da organização não governamental Ciranda e integrante da Comissão Estadual Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, Douglas Moreira, destaca que “o enfrentamento deve acontecer com uma rede de proteção bem articulada, que passa por estrutura eficiente de educação, saúde, assistência social, segurança, judiciário e Ministério Público. Todos têm responsabilidade”. É a articulação das entidades que promove os encaminhamentos e notificações dos casos.

Identificação de suspeitos

Além do trabalho da rede de proteção, a observação dos pais e familiares também é fundamental para identificar casos suspeitos de violência sexual, que em muitas situações acontecem nas casas onde as vítimas moram. “Os familiares devem estar atentos a qualquer comportamento estranho”, alerta Antonio Carlos Rocha, que aponta manchas, mordidas e demais machucados como possíveis sinais. Além disso, a mudança emocional súbita, medo da criança ficar sozinha e perda de interesse em atividades também podem representar os reflexos da violência sexual.

As suspeitas devem ser denunciadas ao Disque Denúncia Nacional, o Disque 100, à Central 156, da prefeitura de Curitiba ou ainda nos Conselhos Tutelares em atividade nas nove regionais.

Paraná ainda tem desafios

Das 3,7 mil notificações registradas em Curitiba no ano passado, 542 eram referentes à violência sexual que resultaram em 404 atendimentos psicossociais a crianças, adolescentes e 358 famílias. Apesar de Curitiba estar com a rede bem articulada, Douglas Moreira afirma que o Paraná ainda enfrenta desafios no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. O tem o Plano Estadual de Enfrentamento às Violências, que estabelece as metas de atuação. “Nosso desafio é manter as redes articuladas e fazer com que o poder público se responsabilize para atuar no enfrentamento das violências. Além disso, culturalmente, a sociedade ainda está muito longe de reconhecer as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos”.

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