Professor alerta para a necessidade
de ações antes que seja tarde.

A Organização das Nações Unidas (ONU) determinou que 2003 é o ano da água doce. A falta de água potável é um dos grandes problemas que algumas partes do mundo já enfrentam e que será um dos principais desafios para a humanidade nas próximas décadas. Curitiba não foge a esta realidade. Conforme o professo-doutor Carlos Mello Garcias, diretor do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), se não se preparar de maneira adequada, a capital do Estado terá sérios problemas entre 10 e 50 anos.

Garcias explicou que Curitiba depende muito de sua região metropolitana para obter água potável, uma vez que os rios da própria cidade estão poluídos. Com o prazo de validade do aterro da Cachimba praticamente esgotado, surge outro problema. A maioria das cidades da região metropolitana fica em áreas de mananciais, onde não se pode depositar o lixo. A única opção fica na região sudoeste, mas o depósito do lixo para as cidades de Mandirituba e Fazenda Rio Grande está na dependência de ações judiciais.

Garcias explicou que a falta e, em alguns casos, utilização incorreta da rede de esgoto, é fator que causa a poluição dos rios. Conforme o engenheiro, além das regiões de periferia, onde não há rede de esgoto (estima-se que toda cidade tenha apenas 60% de casas ligadas “à rede), os prédios da região central também causam poluição nas águas. Tais prédios são antigos e não têm a separação correta entre as redes da água da chuva e de esgoto. ” O esgoto acaba sendo levado pela rede da água das chuvas até os rios e os poluindo”, contou.

O engenheiro afirmou que a recuperação de rios importantes como o Barigüi, o Ivo, o Belém e o Atuba faria com que a cidade não tivesse problemas com água durante um longo período. “Desde que se implante a infra-estrutura necessária, eles podem ser recuperados em até um ano. Os rios Tejo, em Portugal, Tamisa, na Inglaterra, e Sena, na França são exemplos de sucesso de recuperação”, contou Garcias.

Obras

O secretário Municipal de Obras Públicas (Smop) de Curitiba, Leopoldo de Castro Campos, citou mais dois problemas que acontecem na cidade. O primeiro é o excessivo número de pessoas que mora na região urbana e acaba fazendo construções hipermeabilizando o solo. Isso faz com que os bueiros não absorvam toda a água e o refluxo acaba causando enchentes. Outra questão diz respeito ao fato de Curitiba ter mais de duzentas áreas de invasão, onde a maioria das casas não está ligada à rede de esgoto. “A água é um bem finito e se não preservarmos vamos ter problemas gravíssimos no futuro”, mostrou preocupação o secretário. Todavia, ele falou que a cidade está atenta a esses problemas e que várias obras estão sendo feitas em toda capital, principalmente para evitar enchentes. “Fizemos obras em cinqüenta pontos distintos que acarretavam enchentes. Hoje está tudo solucionado. Porém, o importante é fazermos trabalhos conjuntos onde haja também preocupação com o meio ambiente”, disse Campos. O secretário afirmou que o saneamento pode vir a ser “o novo apagão”, caso não se cuide do problema. Ele destacou que anualmente são gastos R$15 milhões em saneamento na cidade.

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