As pessoas que invadiram um terreno há mais de 40 dias no bairro Tatuquara, em Curitiba, afirmam que só deixam a área se a Prefeitura de Curitiba encontrar outro local. Na última quinta-feira, um oficial de justiça acompanhado de 20 policiais militares esteve lá para cumprir um mandado de reintegração de posse. Mas os moradores bateram o pé e ainda estão na área.
Segundo a assessoria de imprensa da Companhia de Habitação (Cohab) de Curitiba, não há como ajudar essas famílias. O sistema de habitação segue regras e não é possível passá-las na frente das cerca de 40 mil que já estão aguardando um terreno. De janeiro de 2003 a setembro último, a Prefeitura assentou 12 mil famílias, mas o processo é lento, já que as áreas na cidade estão cada vez mais escassas e caras.
Enquanto isso os moradores batem o pé e afirmam que só deixam o local com um destino definido. “Não temos para onde ir”, conta Jucélia Rosa da Silva, 28 anos. Ela diz que trabalha como diarista e o marido na Ceasa, e que o dinheiro não dá para comprar um terreno. Ela explica que estava morando num lote do seu pai, mas lá já havia outras quatro casas.
Enquanto a reintegração de posse não é cumprida, os moradores vão incrementando as casas. Cerca de 30 delas já têm luz proveniente de “gatos”. Alguns já levaram até as mudanças. Embora todos afirmem que já estão morando no lugar, inclusive 500 crianças, há ainda muitas barraquinhas de lona plástica, sem nenhum móvel. Quando chove, afirmam que procuram abrigo na casa de quem está melhor estruturado.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Segurança Pública, a ação da Polícia Militar anteontem foi considerada como uma primeira tentativa de retirada das famílias. Outras vão ocorrer até que o mandado seja cumprido.