Até o final desta semana, a Prefeitura de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, espera resolver o impasse sobre a retirada de cerca de trinta famílias que moram em uma área do município, conhecida como Portal da Serra. A maioria das pessoas está no local há mais de dez anos. Alguns ocuparam ilegalmente a área e outros compraram as terras de terceiros. A prefeitura já ofereceu um novo terreno, mas algumas famílias não querem deixar o local.
A dona de casa Zelair dos Santos Carvalho, que mora há quinze anos no local, disse que as famílias têm consciência que estão irregulares, mas que a maioria aceita pagar pelo terreno. “Muitos já têm casa estruturada e ficaria difícil sair daqui”, disse. Zelair foi quem organizou os moradores, na década de 90, para conseguir as instalações de energia elétrica e água que abastecem as casas.
Mesmo sabendo que era uma área irregular, Juir de Ávila está pagando parcelado R$ 12 mil por um terreno de 10×15 metros. Ele recebeu apenas um recibo de compra e venda do antigo “proprietário”, e disse que tem medo de perder tudo, mas que não teve outra opção. “Eu já morava no bairro há dez anos. Agora com esposa e filho precisei de um terreno só para minha família”, disse.
Situação semelhante vive a dona de casa, Vanusa Siqueira. Ela já investiu mais de R$ 10 mil para construir a casa de alvenaria, toda murada e com calçadas, onde mora com a família há quatorze anos. Vanusa afirma que hoje teria dificuldades para construir um imóvel do mesmo padrão, e por isso queria negociar a área.
Reunião
O procurador-geral da Prefeitura de Pinhais, Alexandre Martins, disse que as famílias precisam deixar o local porque ele é impróprio para moradias. “Não existe nenhum plano de ordenamento naquela região e eles sofrem freqüentemente com enchentes”, disse. Além disso, a prefeitura deve colocar em funcionamento uma usina de asfalto ao lado da área. O prédio já foi instalado e, segundo Martins, já possui liberação do Instituto Ambiental do Paraná para funcionar. “Nós estamos na dependência de retirar essas pessoas para iniciar os trabalhos na usina”, falou.
A área oferecida pelo município fica a cerca de mil metros da área invadida. Durante uma reunião, ontem pela manhã, com os moradores, a Prefeitura se propôs a realocar as famílias. Eles pagariam os lotes para o município em até 240 meses. As famílias fizeram uma contraproposta para ficarem na atual área. A prefeitura deve dar uma resposta em uma semana.
